quarta-feira, 8 de junho de 2011

Afinal, o que você quer?

Identificando o desejo mais profundo do coração

Por Saulinho Farias




“Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e sim o que detesto... Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não porém o efetuá-lo”. Romanos 7.15,18

O que você quer de verdade?

Gustavo (nome fictício) é um jovem muito querido em meu pequeno grupo de discípulos. Certa vez ele chegou a mim muito abatido e desanimado. Com um ar de frustração ele me disse: “Acho que não vou conseguir. Eu caí em pecado de pornografia e logo depois pequei em masturbação. Fiquei me lembrando do meu passado e estou confuso! Não sei mais o que fazer. O desejo é muito forte em mim”.

Então eu disse: “Bem, você confessou o seu pecado, está arrependido? Quer mudar de atitude?” Ele me respondeu: “Não sei o que dizer. Outra vez disse que estava arrependido e caí novamente! Não sei mais o que dizer.” Perguntei: “O que você quer de verdade? Pense bem! Você quer a vontade e os sonhos de Deus para sua vida? Quer ser semelhante a Jesus? Quer ser controlado pelo Espírito? Ou você quer se render aos seus desejos pecaminosos como um animal sem controle sobre seus instintos? Quer dar lugar a demônios em sua mente? Você quer o inferno, que está destinado ao diabo e também àqueles que desprezaram a Cristo?”. Assim que terminei essas perguntas, deixei-o sozinho para refletir um pouco.

Quando voltei, ele me respondeu chorando: “Sim, eu quero o Senhor! Vou fazer o quê sem Jesus, Ele é minha vida”. Glorificamos a Deus juntos e, para a glória do Senhor, nosso irmão tem andado em vitória.

Outro jovem chegou para mim para conversar sobre seus caminhos pecaminosos, e eu o questionei da mesma maneira que fiz com o anterior. Esse me respondeu: “Olha só, entendo seu cuidado comigo, obrigado por tudo, mas eu estou decidido. O que eu quero mesmo é continuar como estou. Sei que estou errado, mas não quero deixar aquela pessoa com quem estou”. Bem, não é difícil para você imaginar como está a vida dessa pessoa. Mergulhado em vícios e prostituição, em confusão. Oro para que um dia tal pessoa se arrependa, a se ver frustrado com essa vida de engano e pecado.

Em Romanos 7.15-25, o apóstolo Paulo descreve a natureza do seu próprio conflito contra o pecado, como um verdadeiro discípulo que era. E isso também se aplica a todos nós. É um dos textos que mais me impressiona nas cartas de Paulo.


v.15 - “Eu não entendo o que faço, pois não faço o que gostaria de fazer. Pelo contrário, faço justamente aquilo que odeio”.

Se parece com você? Você se arrependeu de seus pecados; se entregou a Jesus; experimentou a alegria da salvação e agora não entende porque vez por outra faz, pensa ou diz besteira. O conflito íntimo entre o bem e o mal na vida dos servos de Deus é tão intenso que às vezes chegamos ao ponto de nem compreendermos o que está acontecendo conosco. Quando examinamos a nossa consciência atestamos que realmente odiamos aquilo que fazemos de errado. Mas por que muitas vezes não conseguimos viver à altura daquilo que gostaríamos? Aquilo que amamos ou sonhamos ser somos tão incapazes de realizar?

Antes de procurarmos essas respostas, vamos retornar à pergunta: Pense você: Afinal, o que eu quero de verdade? Qual o desejo mais profundo do meu coração?
Pensou? Ok! Se você é um discípulo verdadeiro de Jesus você descobre que o desejo mais profundo do seu ser é Deus. Você quer Deus. Você quer viver para agradar a Deus. Sim! Leia em voz alta: “O que mais quero fazer é viver para Deus. Sim! Deus é o meu maior desejo”. Isso faz toda a diferença. O pecado e o erro não é aquilo que o seu verdadeiro ‘eu’ deseja. Aquele velho ‘eu’ foi crucificado com Cristo. Você hoje é uma nova criatura, um novo homem ressuscitou, com um novo ‘eu’, cujo maior desejo é Deus. E preste muita atenção. O que você vai ver agora é realmente libertador:

Paulo continua dizendo:
vs. 16-20 - “Se faço o que não quero, isso prova que reconheço que a lei diz o que é certo. E isso mostra que, de fato, já não sou eu quem faz isso, mas o pecado que vive em mim é que faz. Pois eu sei que aquilo que é bom não vive em mim, isto é, na minha natureza humana. Porque, mesmo tendo dentro de mim a vontade de fazer o bem, eu não consigo fazê-lo. Pois não faço o bem que quero, mas justamente o mal que não quero fazer é que eu faço. Mas, se faço o que não quero, já não sou eu quem faz isso, mas o pecado que vive em mim é que faz”.

“Já não sou eu”. Isso é realmente maravilhoso. Paulo não se identificava mais como o velho homem. Ele fez questão de separar bem as coisas. “Já não sou eu quem faz o mal, mas o pecado; o pecado que habita em mim, ou seja, na minha carne”. Pode até parecer que o apóstolo está tirando “corpo fora”, mas o certo é que ele não estava se desculpando de sua responsabilidade moral, ele estava mostrando que um servo de Deus remido e salvo pela graça é um novo ser, dotado de um desejo puro e santo, com um novo coração onde habita o Espírito Santo; mas que apesar dessa tão profunda realidade, o pecado ainda se faz presente na vida do crente.

Nossa responsabilidade é então: Não negar a presença do pecado e ao mesmo tempo não se identificar com ele. Ou seja: “Eu sou um novo ser criado para ser semelhante a Jesus. Meu profundo desejo é Deus, no entanto tenho que admitir que a presença do pecado ainda está em mim, portanto, de maneira nenhuma posso me dar ao luxo de confiar novamente em minha carne”.

Vs. 21-25 – “Assim eu sei que o que acontece comigo é isto: quando quero fazer o que é bom, só consigo fazer o que é mau. Dentro de mim eu sei que gosto da lei de Deus. Mas vejo uma lei diferente agindo naquilo que faço, uma lei que luta contra aquela que a minha mente aprova. Ela me torna prisioneiro da lei do pecado que age no meu corpo. Como sou infeliz! Quem me livrará deste corpo que me leva para a morte? Que Deus seja louvado, pois ele fará isso por meio do nosso Senhor Jesus Cristo! Portanto, esta é a minha situação: no meu pensamento eu sirvo à lei de Deus, mas na prática sirvo à lei do pecado”.

Descobrimos então que não conseguimos fazer por nós mesmos aquilo que desejamos segundo Deus. Só quando nos lançamos na dependência do Espírito Santo é que fazemos o que é do agrado de Deus. E isso é um aprendizado constante em nossas vidas e que anula todo orgulho.

Leia para si mesmo:

1. O desejo mais profundo do meu coração é ser santo. Sou uma pessoa regenerada, transformada. Eu nasci de novo. Sou um novo ser criado em Cristo para boas obras. No fundo, no fundo, quero ser semelhante a Jesus. Quero amar como Jesus, depender como Jesus, perdoar como Jesus, orar como Jesus, ser puro como Jesus, etc.

2. Mas afinal, o que é isso que acontece comigo?! Eu estou perplexo comigo mesmo. Como sou capaz de ser tão duro com as pessoas? Descobri que não consigo perdoar ou até esquecer o que fizeram comigo. Que pensamentos impuros e terríveis me sobrevém. Me sinto um miserável, um infeliz, por perceber tanta maldade em meus olhos e em meus pensamentos. Por que amar é tão complicado? Olho para dentro de mim e não vejo forças em mim mesmo para agir como Jesus agiria. E agora? Quem me livrará do corpo dessa morte?

3. Graças a Deus por Jesus! Sim! Aleluia! Deus fará isso por meio da vida de Jesus em mim, não por meio da minha tão corrompida natureza humana. Aliás, não tem mesmo como tentar melhorá-la. Ela não tem jeito. Está encharcada de pecado. A única solução para ela é a cruz dia-a-dia. Obrigado Senhor por tua graça e pelo teu Espírito em mim, que me capacita a viver uma nova vida de acertos. Hoje vejo que se existe algum bem ou santidade em mim não veio de minha natureza humana caída, mas é proveniente da tua vida em meu novo coração. Isso elimina todo o meu orgulho e me faz completamente dependente de ti para acertar. Toda glória seja dada a Deus!

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