quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Parece pouco, mas não é!


Por Saulinho Farias
“Jesus chamou os seus discípulos e disse:

– Estou com pena dessa gente porque já faz três dias que eles estão comigo e não têm nada para comer. Não quero mandá-los embora com fome, pois poderiam cair de fraqueza pelo caminho.
Os discípulos perguntaram:
– Como vamos encontrar, neste lugar deserto, comida que dê para toda essa gente?
– Quantos pães vocês têm? – perguntou Jesus.  – Sete pães e alguns peixinhos! – responderam eles”. Mateus 15.32-34 NTLH
Jesus sempre me impressiona!

 “Não quero mandá-los embora com fome, pois poderiam cair de fraqueza pelo caminho”. Assim começa o relato da segunda grande multiplicação de pães e peixes.

Jesus sempre estava pensando nos outros.

As multidões seguiam Jesus até o deserto. Sabemos que as motivações de muitos eram ver sinais, ou até mesmo receber algum benefício, mas mesmo assim, Jesus se compadecia deles. Ficava sensibilizado diante da exaustão e do cansaço físico das massas. Não queria vê-los desfalecendo.

Que coração tem o nosso Senhor! Compassivo, piedoso, sensível e atento à necessidade alheia. Os discípulos tinham muito à aprender.

Nós temos muito à aprender.

“Como vamos encontrar, neste lugar deserto, comida que dê para toda essa gente?” – Os 
 discípulos perguntavam. Mas você percebe o tom? Um leve tom de incredulidade, ou de impossibilidade.

E nós perguntamos: “Como podemos ajudar tantas pessoas necessitadas, Senhor?” – Há tanto a ser feito, tantos fracos e oprimidos, tantos cansados pelo caminho, que nós, também fracos e exautos, racionalizamos: “Mal temos pra nós, quanto mais pra eles?”

Quantos pães vocês têm? – perguntou Jesus.

O que você tem em suas mãos agora? - Continua perguntando Jesus.

Muitos pensam: “Vou ganhar muito dinheiro para um dia ajudar muita gente”. “Um da vou ter uma excelente casa, bem grande, para receber pessoas”. Mas vale a pena perguntar: Você já ajuda as pessoas com o pouco que você tem? Ou você espera um dia ter muito pra começar a ajudar? Você já recebe e hospeda pessoas em sua humilde casa? Ou está querendo um castelo para poder impressionar?

Sete pães e alguns peixinhos! – responderam eles

Ah Senhor! Eu tenho muito pouco – responde você.

Acredite! É do pouco que você tem nas mãos que talvez milhares de pessoas estão precisando para nutrir seu espírito e trazer sustento à sua alma.

Muitos se iludem pensando que Deus precisa de grandes coisas vindas dos homens. Não! Deus deseja ver a nossa disponibilidade e abertura nas pequenas coisas da vida. Dessas pequenas coisas, pequenas atitudes de pessoas que são pobres de espírito, que têm pouco a ofertar, mas assim mesmo o faz, é que Deus faz tremendos milagres.

Talvez seus poucos pãezinhos e peixes seja uma simples conversa com alguém aflito; uma meia hora do seu horário de almoço dedicada a um faminto da palavra; uma mensagem de celular a um amigo que você mais nunca viu; um tempo de oração pelos missionários no exterior; uma simples canção que você compôs; um bate-papo sobre Jesus com um idoso no ônibus, um simples “Eu te amo”, para seus parentes e amigos.

Parece pouco, não é? Sim! É pouco. Mas nas mãos de Jesus isso se transforma em muito e acaba alimentando pessoas que você jamais imaginou.

Você pode ajudar. Você pode abençoar alguém.

Use o que tens, ainda que pouco. Seja tempo, dinheiro, uma conversa, um telefonema, um e-mail, etc. Use o que tens, dedique ao Senhor e reparta com quem precisa tanto de você.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Fundamento, Prioridade e Intensidade

Por Saulinho Farias

“ Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor. “ I Coríntios 15.58


Esse texto tem saltado à minha mente e coração nesses últimos dias. Três palavras dentro desse verso em especial: Firmes - Constantes - Abundantes.


Existem irmãos que estão firmes no Senhor, mas que não estão constantes como deveriam.
Existem amados que estão firmes e constantes, mas que necessitam de abundância na obra.
Deus deseja que sejamos completos em sua obra.


Firmeza 
Diz respeito à FUNDAMENTO.
Uma árvore firme é aquela cuja raiz está bem fincada. Uma casa firme está bem alicerçada. Um discípulo firme tem a Cristo como único e indispensável fundamento. Ele não está firme necessariamente por causa das pessoas santas que o cercam. Não! O cristão firme tem experiências com o Senhor Jesus. Conhece em sua experiência Àquele que o libertou.


Tenho observado muitos que necessitam de firmeza. São oscilantes em sua fé pois ela está fundamentada nos homens, não em Cristo. - "Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo". 1 Coríntios 3:11


Estais firme no Senhor?


Constância
Diz respeito à PRIORIDADE.
As coisas prioritárias em sua vida são aquelas as quais você vem dedicando mais tempo.
Muitos tem recebido o fundamento correto, mas ao invés de construírem um belo edifício eterno sobre ele, estão investindo todo o seu tempo e esforço em algo meramente terreno e passageiro. Os sonhos de Deus não tem sido sua prioridade de vida. Como resultado, temos visto um grande número de cristãos com pouquíssimos frutos espirituais (novos discípulos), apesar de terem recebido tantas revelações de Deus.
Ser constante é estar presente. É dedicar tempo e atenção ao próprio crescimento espiritual bem como ao serviço de sua comunidade cristã, na formação de novos discípulos do Senhor.


Abundancia na obra
Diz respeito à INTENSIDADE.
A obra de Deus deve ser vivenciada por nós com paixão. Devemos ser mais que firmes, mais que constantes, devemos viver a vida de Cristo de maneira poderosa, transbordante, impactante, apaixonante.


Muitas igrejas e grupos tem tido firmeza na Palavra, e constancia, mas falta-lhes um componente extra de atração: o fervor. O resultado são encontros apáticos, sem vida, sem alegria, sem dinamismo espiritual, sem o serviço de todos os santos.
A motivação que temos na obra de Deus não deve ser produzida por circunstancias favoráveis. Devemos ser cristãos intensos, vibrantes, internamente motivados pela ação do Espírito Santo. Não dependendo de eventos, congressos, estímulos externos, para ser aquilo que fomos chamados para ser: ramos frutíferos.


Seja firme! Constante! Sempre abundante na obra do Senhor... e maravilhas virão de reboque. Não apenas nesse tempo, mas entrarão pra eternidade.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Ele te entende

Por Saulinho Farias

“Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; ...”. Hb 4.15

“Por isso convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo. Porque naquilo que ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados”. Hb 2.17-18

“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e o Deus de toda a consolação; Que nos consola em toda a nossa tribulação, para que também possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação, com a consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus”. 2 Co 1.3-4

Na semana passada fui convidado a ministrar a Palavra em um retiro próximo à minha cidade. Assim que acabei de ministrar, meu amigo Ricardo deu continuidade com uma palavra abençoadora. No meio da mensagem algo inusitado aconteceu: um homem trajando roupas imundas e com um forte odor de alcool entrou no ambiente de reuniões. Na verdade, esse homem era um ator convidado pelo Ricardo. O objetivo era observar as reações da igreja e promover um ensino diferenciado.

Quando esse homem entrou no ambiente, os dois jovens que me acompanhavam naquele momento, ao verem o rapaz se aproximando do ambiente e sendo “barrado” de entrar (figuradamente) por um irmão, se levantaram imediatamente e correram na direção do homem. Eles “compraram briga” pelo rapaz, colocaram-se ao seu lado de maneira intrépida, defendendo-o de qualquer exclusão. Olharam firmemente nos olhos do homem e, com palavras firmes e determinação incontida, exalaram graça e amor ao personagem. O ator relatou mais tarde que pensava se tratar de outros dois atores que estavam improvisando, mas ao mirar nos olhos deles naquela hora, pensou: “Isso não pode ser atuação, Isso é verdade. Esses jovens realmente acham que eu sou um mendigo alcoólatra”. O próprio ator não se conteve, começou a chorar de verdade. A reunião prosseguiu com os dois ao seu lado, sem saber que era um ator, orando e chorando por ele o tempo todo.

Enquanto estavam ali, eu sabia da verdade e fiquei meditando: O que os motivou a romperem com a inércia e estravazarem em compaixão com aquele homem? Eu sabia o que era: Os dois sabiam a intensidade da dor causada pela rejeição social. O volume exato das acusações e palavras de desprezo. O estrago das desilusões e a frustração com a própria vida. A escravidão na alma pela dependência química. Os dois já tinham vivenciado coisas parecidas e ao imaginar que alguém tão próximo estaria passando por uma situação de vida tão desesperadora, eles não poderiam se conter. Seriam negligentes para com a própria história.

Como entender o que sente uma pessoa faminta se eu nunca passei um dia sem comer? Eu posso ler sobre a fome, ir para seminários e congressos sobre a fome, discursar sobre a fome, mas responda-me: saberei o que é fome? Não!

Certa vez, em um retíro individual, fiz um jejum de cinco dias. Nos três primeiros dias nada comi ou bebi, no quarto e no quinto dia, comi e bebi pouco, apenas à noite. O que aprendi nesses dias? Entre outras coisas, aprendi como se sente alguém que tem fome. Naquele período de oração o Senhor me direcionou a interceder pelos que vivem nos países mais pobres do mundo, onde grãos são lançados às multidões esqueléticas, ávidas por um pouco de cereal, rastejando pela areia catando grãos como aves, implorando aos céus por mais um dia de vida, ou até mesmo pela morte.

Como entender o sofrimento de outros negamos a realidade à nossa volta, com uma uma busca ansiosa por um estilo de vida de sorrisos, confortos, entretenimentos, saúde, prosperidade, super-espiritualidade? Temos pavor de pensar em sofrer e o pior, justificamos o nosso procedimento complacente com jargões religiosos ou versículos mal colocados. Muitos não querem se aproximar de pessoas tristes e sofredoras pois tal sofrimento produz um grande incômodo. Evitam esse incômodo com superficialidade. Não querem se envolver pois ficam confusas, não sabem o que fazer. Como saberão se não se identificam com o sofrimento alheio? Se não se interessam em romper com sua zona de conforto e sujar seus pés nos pântanos do padecimento alheio? Por isso, existe algo de muito precioso que Deus quer nos ensinar em nosso próprio sofrimento.

Por um período relativamente longo, passei por momentos complicadíssimos. Só Deus sabe mensurar as angústias que vivi por meses a fio, as noites de choro e depressão, as palavras frias de alguns, a indiferença de outros, as minhas próprias lembranças dolorosas, a solidão, o terrível e gélido desânimo, a falta de apetite, as minhas fraquezas visíveis a todos e a própria ausencia de defesa e compaixão (identificação com o sofrimento) por um tempo considerável. Posso ver que Deus utilizou-se de tudo o que vivi para formar em mim seu caráter compassivo e profundamente gracioso. Se estivermos em Cristo precisamos acreditar firmemente: tudo coopera com o nosso próprio bem. Iremos achar verdadeiros terouros em nosso deserto.

Encontrei em Cristo um amigo surpeendente. Um amigo que me entendia perfeitamente, não indiferente, não distante, mas profundamente atento, daqueles que olham nos olhos. Em algumas madrugadas eu nem sabia como orar, nem sabia como produzir palavras que externassem o que sentia, mas apenas estava ali chorando, e Ele comigo, bem presente. Em um desses momentos escrevi uma nova canção “Meu Consolo” - “...da margem (extremidade) do universo, algo te chama atenção, uma lágrima que cai de alguém que sofre só... Ah! Na verdade eu não estou só, se todos me deixaram me aceitas em teus braços. Jesus, meu consolo, o lugar para onde corro, sou amado por você, isso é tudo o que eu preciso compreender”.

Outro tesouro descoberto no meu deserto foi uma percepção mais elevada do que sentem nossos companheiros de peregrinação nas terras da angústia e nos vales do desesespero. Hoje vejo os peregrinos aflitos, cansados, desanimados ou até deprimidos com outros olhos. Sinto uma vontade enorme de estar perto de pessoas assim. Não para julgar ou criticar, não para ser superficial, mas apenas para estar perto, dizendo: “Ele te entende! Ele já passou por isso! Entre outras coisas, Ele sofreu para consolar e dar esperança à todos àqueles que sofrem. E mais, conte comigo também”.

Saiba de uma coisa: Quanto maior a miséria, o pecado, a dor, a frustração, a desilusão, o sofrimento, o choro, o vício, enfim... maior será a abundancia de graça, o amor dispensado, o perdão, a cura, a restauração, a libertação, e muito maior será o ministério da consolação. Deus vai te usar poderosamente para comprir o ministério de Cristo de: “...consolar todos os que choram e a pôr sobre os que em Sião estão de luto uma coroa em vez de cinzas, óleo de alegria, em vez de pranto, veste de louvor, em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem carvalhos de justiça, plantados pelo SENHOR para a sua glória”. Is 61.2-3

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Sonho com uma igreja...

Por Saulinho Farias
Sonho com uma Igreja que é a expressão de Cristo na terra. Uma igreja que em nível local se desenvolve com base no amor, na graça e no reino de Deus.  
Sonho com uma igreja onde os membros se amam intensamente, onde não esperam iniciativas externas para solucionar seus próprios problemas, mas que amorosamente se olham nos olhos e conseguem se acertar, se perdoar, vivendo o significado prático do ministério da reconciliação.
Sonho com uma igreja onde todos servem, todos evangelizam, todos participam, todos edificam, todos oram, todos profetizam, todos repreendem demônios e curam enfermos, todos são cheios do Espírito Santo. Uma Igreja onde o maior é Jesus. Onde Ele é exaltado, e não os homens. Onde o amor é exaltado, e não os dons.  Uma igreja não institucionalizada ou hierarquizada, mas orgânica, funcional, flexível, amorosa e misericordiosa.
Sonho com uma igreja onde o espírito de elitismo de castas sacerdotais seja renunciado e banido, seja substituído pelo autentico serviço dos santos. Não uma igreja de tapetes vermelhos e celebridades evangélicas, mas de servos e servas que trabalham arduamente para que Cristo seja visto.
Tenho particularmente pedido a Deus que coloque do meu lado verdadeiros companheiros. Amigos que ombreiem comigo para juntos conquistarmos muito mais e avançarmos contra as hostes espirituais do mal nas regiões celestiais. Tenho pedido a Deus verdadeiros guerreiros. Pessoas espiritualmente valentes que não se conformam com a situação presente, mas que querem ser desbravadores do reino em nossa cidade, arredores, estado, país e no mundo.
Posso sonhar com uma Igreja assim, não porque sinto que esse sonho partiu de mim, mas que vem de Deus e vejo-o em Sua Palavra. Uma Igreja onde as portas do inferno não prevalecem contra ela. Uma igreja onde os pecadores sintam-se atraídos, por ser esta a pura expressão da graça divina, mensageira do Evangelho (Boas Novas) do reino (governo) de Deus. Uma igreja onde uma prostituta, um ladrão, um viciado ou um homossexual sejam bem recebidos e vistos como seres humanos preciosismos para Deus e para nós; onde o amor transforma os mais terríveis pecadores em servos do Altíssimo, poderosamente usados para a sua glória.
Uma igreja que honra a Deus, que tem temor de Deus. Uma igreja irrepreensível, sim! Santificada pelo Único que pode purificá-la: JESUS.
Sonho com uma igreja-família, onde Ele é o Pai e todos nós somos irmãos (Mt 23.8). Onde o discipulado existe e seu principal objetivo é levar os homens a Cristo, apontar Jesus. Onde não objetivamos nos tornar mediadores entre os homens e Deus, mas apenas cooperadores com o crescimento dos irmãos, valorizando intensamente a comunhão, o compartilhar mútuo da vida de Cristo. Tendo alegria só em pensar em estarmos juntos.
Sonho com um discipulado eficiente que com o tempo se torna uma mutualidade, de tão maduro que fica. Que filhos espirituais tornem-se companheiros maduros, humildes de coração.  Pessoalmente, Quero ser um pai espiritual com o coração de irmão. Se não for assim, não suportarei ver o crescimento dos meus filhos. Não vou contribuir com eles. Quero aprender a soltá-los, a liberá-los, a vê-los adquirindo estatura maior que a minha. Que o discipulado a Cristo neles cresça; que a dependência a Cristo neles cresça, e eu diminua (Ah! Eu tenho tanto para crescer nesse assunto). Ao mesmo tempo, quero conservar viva e acesa dentro mim a doce memória de meus pais espirituais, lembrando-me deles com honra e alegria.
Por favor, permitam-me sonhar!
Que esse sonho... sonho de Deus... se realize em nós.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Síndrome de Nazaré




Por Saulinho Farias

“E, chegando à sua terra, ensinava-os na sinagoga, de tal sorte que se maravilhavam e diziam: Donde lhe vêm esta sabedoria e estes poderes miraculosos? Não é este o filho do carpinteiro? Não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos, Tiago, José, Simão e Judas? Não vivem entre nós todas as suas irmãs? Donde lhe vem, pois, tudo isto?
E escandalizavam-se nele. Jesus, porém, lhes disse: Não há profeta sem honra, senão na sua terra e na sua casa. E não fez ali muitos milagres, por causa da incredulidade deles”. Mateus 13.54-58

Ao meditar nessa assertiva de Jesus não a vejo como uma afirmação categórica do que deve vir a ser, como se Jesus estivesse com essa sentença consolidando a maneira como uma determinada terra deve agir com os seus próprios profetas ou uma família para com os seus. Definitivamente, Jesus não está “curtindo” essa!

Jesus não estava feliz com a situação de Nazaré. Sua própria terra o rejeitou. Por que? Porque estavam familiarizados com Ele. Suas palavras não causaram efeito profundo naqueles corações. “Não é esse o filho do carpinteiro e de Maria? Conhecemos todos os seus familiares. Esse homem sabemos quem é desde menino. Vimos ele crescer aqui no vilarejo. Sua família não é nobre ou especial. Saiu daqui recentemente como um mero carpinteiro e volta como um “mestre” cercado de discípulos? Como assim? Quem ele pensa que é para querer se igualar aos grandes mestres? Onde ele aprendeu essas palavras que diz?”

Ficaram intrigados com Jesus. Maravilhados ao ve-lo falando, impresssionado com alguns milagres, mas ao mesmo tempo, recordando que Ele não passava de um deles. Lamentável! Escandalizavam-se nele.

Esse comportamento não se restringiu a Nazaré e a Jesus. Todos os profetas do velho testamento foram ridicularizados em sua própria terra. Alguns até foram assassinados. Na história temos vários exemplos semelhantes.

Ludwig van Beethoven era atrapalhado com o violino e optava tocar suas próprias composições em vez de melhorar sua técnica. Seu próprio professor se irritava com esse comportamento e o considerava um fracasso como compositor. Hoje permanece como um dos compositores mais respeitados e mais influentes de todos os tempos.

O professor de Albert Einsten o descreveu como “mentalmente lento, não-sociável e sempre perdido em seus sonhos.” Foi expulso da escola e recusado na Escola Politécnica de Zurique. Era um “caso perdido” segundo seus mestres. Muitas vezes foi alvo de deboches e chacotas, até sua teoria ter sido comprovada, quando marcou o seu nome na História como uma das pessoas mais inteligente que já pisaram na superfície terrestre.

A síndrome de Nazaré contamina igrejas por todos os lugares. Muitos não conseguem valorizar os que servem suas comunidades, subestimam suas palavras, não valorizam sua história e serviço. Dão crédito mais facilmente aos mensageiros de fora do que aos que convivem com eles. Valorizam os profetas das terras longínquas e subestimam os que brotam de sua própria terra.

Quantas famílias não agem assim? Quantas mulheres preferem ouvir o pastor ou as amigas a ter que dar crédito à voz de seu próprio marido? Quantos filhos não honram seus pais? Quantos pais não acreditam nos seus filhos? Enfim: a maldita síndrome de Nazaré! É impressionante o quanto perdemos com ela. Não temos como mensurar o prejuízo. Podemos estar rejeitando o próprio Senhor que se manifesta na vida de alguém bem próximo à nós.

Fico perturbado ao ver alguns que vão a alguns encontros e congressos em outros lugares e voltam maravilhados ao dizerem: “Puxa! Foi tremendo! Deus usou aquele renomado pregador pra mim e falou assim e assim”. O interessante é que tudo isso de “tremendo” essas pessoas ouviram pela boca simples dos que convivem com eles, mas não deram crédito. Deus teve que usar alguém de fora para abrir-lhes os olhos. Quanta dureza de coração!

Tenho observado que as igrejas mais bem sucedidas são aquelas cujos membros conseguem se valorizar, cuja liderança (não arbitrária) é creditada por todos. Onde a palavra de Deus, falada pelo mais simples irmão, é assimilada com amor e dedicação pelos ouvidos atentos de todos os que convivem com ele.

Não estou desprezando com isso o valor de tantos e tantos que vêm de fora de nossa realidade e de alguma maneira contribuem com sua experiência no Senhor. Só estou afirmando que a sentença: “Não há profeta sem honra, senão na sua terra e na sua casa”, não se trata de um absoluto desejado por Cristo, mas de algo profundamente incômodo que não deve se repetir em nosso caso.

Aprendamos a valorizar e honrar uns aos outros, em especial os que estão entre nós.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Como discernir o Espírito de Deus do maligno?


Por Saulinho Farias

 “Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora. Nisto reconheceis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito que não confessa a Jesus não procede de Deus; pelo contrário, este é o espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que vem e, presentemente, já está no mundo”. I João 4.1-3

“Nenhum tema contemplativo tende a humilhar mais a mente do que os pensamentos sobre Deus” C.H. Spurgeon

Deus me trouxe uma clareza sobre como podemos reconhecer se o espírito que se manifesta procede do maligno ou é o Espírito de Deus, depois de muito tempo meditando no texto de I João acima citado. O espírito do anticristo afirma que Jesus Cristo não é o Deus que se esvaziou se tornando semelhante aos homens. No entanto, essa sentença maligna pode ser escancarada, ou mais terrivelmente, sutil.

O fato de Deus ter se esvaziado e se tornado o Jesus homem que nós cremos é o oposto do que fez o querubim Lúcifer. Ele não sendo Deus quis elevar-se e sentar no trono de Deus. O orgulho inflou seu interior e esse príncipe da luz tornou-se Satanás, desprovido da glória e desviado do propósito para o qual foi criado. Esse é o espírito que há no mundo. O espírito que não cogita das coisas de Deus (não entende o coração e os pensamentos de Deus), mas das coisas do homem caído (Mt 16.23).

O espírito do anticristo não admite que Jesus Cristo veio em carne. Pense um pouco sobre isso. Ele não admite que o caminho para a glória verdadeira é o esvaziamento. O espírito satânico exala a soberba, a auto-exaltação, a promoção pessoal, a elevação do homem e não a glória de Deus. Tudo o que exalta o homem e não a Deus é o espírito do anticristo, e pasme: Isso está impregnado em mensagens pregadas aos quatro ventos nas igrejas, em folhetos e livros “cristãos”, em músicas “evangélicas” aos montes, em profecias que certamente não provém de Deus, onde o homem acaba sendo o centro de tudo, e não Deus.

Certamente você já deve ter ouvido pregações, canções, profecias do tipo:

“Vou EU te fazer ‘grande’ na terra. Te darei uma cadeira de honra para tu sentares”.

“Você foi feito para ser cabeça e não cauda, então não admita que ninguém te humilhe”.

“Quem te viu passar na prova e não te ajudou, quando ver você na benção vai se arrepender, ele estará na platéia e você no palco, etc”.

Não são poucos os que têm sido ludibriados pelo engano dessas palavras. Não conseguem perceber o espírito que fala. Precisamos de discernimento espiritual para não cairmos no laço do diabo.

Certa vez fui ministrar a Palavra em um congresso e Deus me usou grandemente para Sua glória. O Espírito de Deus agiu e falou poderosamente aos corações que estavam ali. Ao final, uma mulher se aproximou de mim e falou: “O pastor que veio pregar ontem não chegou nem a seus pés, nunca vi ninguém pregar como você, Deus vai te levantar e você vai ser grande entre os demais”. No mesmo momento me voltei para aquela irmã e disse: “Não seja ludibriada pelo inimigo, irmã! Se Deus falou através de mim glorifique a Ele por isso, pois eu não sou maior do que os meus irmãos. Você não conhece minhas limitações e a miséria que há na minha carne”.

Jesus disse: “Assim brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam aos vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus” Mt 5.16

As pessoas devem olhar pra você e dizer: “Aleluia! Louvado seja Deus, pois vejo claramente Jesus em você”. Caso elas se curvem para te adorar, faça como fizeram os apóstolos Paulo e Barnabé, e redirecione os olhos dos homens para cima: “Porém, ouvindo isto, os apóstolos Barnabé e Paulo, rasgando as suas vestes, saltaram para o meio da multidão, clamando: Senhores, por que fazeis isto? Nós também somos homens como vós, sujeitos aos mesmos sentimentos, e vos anunciamos o evangelho para que destas coisas vãs vos convertais ao Deus vivo, que fez o céu, a terra, o mar e tudo o que há neles”. Atos 14.14-15

O Espírito de Deus, ao contrario do maligno, declara que Jesus é o verbo de Deus que se fez carne. O Espírito de Deus mostra que temos que trilhar o mesmo caminho de esvaziamento e humilhação que o próprio Filho de Deus trilhou. Ele não apresenta atalhos. Ele não cogita outro caminho. Muitos pensam que na Bíblia está escrito: “Os humilhados serão exaltados”; mas não é assim que está escrito. Escrito está: “Quem a si mesmo se humilhar será exaltado”. Mt 23.12. As pessoas podem estar humilhando você e você continuar com o coração exaltado. De que adianta? É um desperdício!

O Espírito que procede de Deus glorifica o Filho. Faz com que tudo (absolutamente tudo) venha a convergir nEle. A obra do Espírito Santo é gerar Cristo em nós, fazer Cristo se desenvolver em nós e glorificar Cristo em nossas vidas. “Cristo em nós” é a esperança da glória. O Espírito faz com que Jesus seja o Grande! Que Jesus seja o cabeça! Que Ele sente no trono! Que Ele esteja no centro das atenções no palco da existência, e todas as demais criaturas o aplaudam e o celebrem.

Louvemos a Jesus!

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Uma tarde em um bar


Por Saulinho Farias


No último domingo à tarde convoquei um grupo de irmãos para proclamarmos as boas novas no Alto Santo Antônio, na minha querida cidade Jaboatão. Chegando lá, dividimos o grupo em vários grupinhos de 3 pessoas. Saí com o Gustavo e com o Robinho.

O Espírito Santo nos conduziu para um bar. Havia uma mesa posta na calçada com vários homens bebendo cerveja e ouvindo brega. Ao nos aproximarmos perguntei àqueles homens se eu poderia sentar à mesa com eles. Certamente alguns deles já me viram lá por cima, pois cuido da igreja que está naquele lugar. Eles acharam estranho nos convidarmos para sentar com eles à mesa, mas nos receberam com muita alegria.

Gustavo (que é todo tatuado) estava com o seu violão e pedi para ele tocar uma de suas músicas. Enquanto isso, fui à dona do bar e pedi uma coca-cola. A cena, incomum para outros cristãos, não passou despercebida. Alguns passavam e não podiam acreditar que eu estava ali, sentado naquela mesa, com aqueles homens embriagados. Mal posso descrever a alegria de estar ali, bebendo refrigerante com eles e cantando com o Guga. O repertório? Definitivamente não cantei minhas músicas. Mas quis me aproximar deles ao cantar músicas mais populares e conhecidas, como: "Entra na minha casa, entra na minha vida" e "Eu vivi dentro de um calabouço, aprisionado sem poder sair...". 

Era meio estranho (um tanto cômico) para os que passavam diante daquele bar ver todos nós, alguns bem "queimados", cantando aquelas canções. Foi quando uma mulher veio com seu marido ao bar e se incomodou profundamente com a cena. Ao nos ver alí ela nos apontou o dedo e gritou: "Isso não é coisa de crente! Desde quando já se viu um crente sentar na mesa de um bar com gente imunda?". O tom de acusação daquela mulher me fez recordar de Jesus e os discípulos ouvindo as mesmas declarações dos religiosos fariseus: "Por que come o vosso mestre com os publicanos e pecadores? (Mt 9.11)".

Ao se referir aos homens como "gente imunda", ela provocou a ira de um jovem, e começou um bate-boca entre os dois. Foi algo tão provocante que a vizinhança foi até a mãe daquele jovem avisar que seu filho estava discutindo no bar com uma senhora. Eu e os meninos que foram comigo começamos a orar e repreender a ação do diabo. Olhei nos olhos de cada um daqueles homens e os abençoei, profetizando a libertação deles. Enquanto isso, o Espírito Santo tocou o Guga, que se levantou e foi em direção a mulher acusadora.

Quando aquele jovem discípulo, todo tatuado, se aproximou dela e de seu marido, e começou a demonstrar o amor de Cristo, o clima começou a mudar. Essa foi a hora que meu pai passou de carro, me viu no bar, parou e sentou conosco. Quando meu pai sentou à mesa e pegou o violão, eu me levantei e me aproximei do Guga e daquela mulher, olhei nos seus olhos e disse: "Você é muito amada por Deus, Ele tem um plano para você e para seu marido, Ele perdoa todos os teus pecados".

A mulher não se conteve e começou a chorar. Foi lindo! Ela pediu que orássemos também por ela e por seu marido. Aquela que estava nos julgando, agora estava aos prantos e abrindo o seu lar para que estivéssemos lá. O Espírito Santo estava agindo de tal maneira que até a dona do bar mudou o repertório e colocou um CD de louvores ao Senhor. Aleluia!

Ao sairmos, eu percebi a glória daquele momento e quantas portas se abriram para a proclamação. Aqueles homens demonstraram-se muito agradecidos pelas palavras e pela atenção concedida a eles, especialmente por termos sentado com eles à mesa naquele lugar.

Nós estamos tão acostumados com apenas os crentes em nosso círculo social que desaprendemos a conversar com os perdidos. Interpretamos mal o texto que diz: "Bem aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores" (Sl 1.1). O texto fala que não devemos dispor o nosso coração às ações pecaminosas dos ímpios. Mas se observarmos,mesmo que simploriamente, o ministério de Jesus,veremos nosso Senhor cercado de pecadores, publicanos, prostitutas, com os infames e desprezados de sua época.

Nós não fazemos idéia do impacto que Jesus causou àquela sociedade religiosa ao sentar à mesa com os comilões e beberrões. Foi chamado perjorativamente de "amigo de publicanos e pecadores"; mas para Ele, tal acusação se converteu em um elogio, pois foi para isso mesmo que veio: "Os sãos não precisam de médico e sim os doentes... não vim chamar justos, e sim pecadores (Mt 9.12-13).

Não temos noção do profundo incômodo causado por Jesus aos moralistas religiosos ao jantar na casa de um homem da pior categoria como Zaqueu. Ao se dispor a ter comunhão com homens assim, Jesus dáva-lhes aceitação incondicional, removia a vergonha e a humilhação social, fazia-os sem culpa, concedia-os um senso de graça e misericórdia ante a indignidade, concedia-lhes um sorriso transformador diante das feições fechadas e condenatórias da religião; e com isso, libertáva-os do cativeiro de suas almas. Aleluia!!!

Quem é que você convida pra jantar? Pessoas a quem você deseja impressionar? Aqueles que você julga importantes e distintos em sua classe religiosa? Com quem você senta à mesa? Pessoas de boa fama? Pessoas que podem te conceder boa fama? Aqueles de algum modo podem te retribuir favores?

Quem você acha que está sentado à mesa do Senhor? Os sãos? Os sarados? Os bonzinhos das igrejas evangélicas?

Precisamos nos voltar e meditar nesse Jesus dos farrapados, que mal conhecemos, porque infelizmente, nos consideramos justos demais, e nosso coração está muito fechado para receber os demais pecadores.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Quase deuses?


Por Saulinho Farias
Acabei de assistir Quase deuses. Filme baseado na história real do mui prestigiado médico Alfred Blalock e de seu assistente negro, pobre, sem formação universitária, porém não menos genial, Vivien Thomas. Os dois conseguiram juntos o feito, até então inacreditável, de fazer uma cirurgia de coração. Mas após o feito inédito, apenas o Dr. Alfred Blalock assumiu os créditos, nem ao menos se lembrou de mencionar Thomas em nenhuma de suas entrevistas pelo mundo. Com um limitado grau de educação formal, Thomas lutou contra a pobreza e o racismo e se tornou um professor para estudantes que se tornariam os melhores cirurgiões dos Estados Unidos. Não quero me deter nos pormenores do filme (pois recomendo a todos que assistam), porém não pude deixar de me sentir incomodado a escrever algo sobre minha percepção da mensagem desse drama.
Não se trata apenas de uma história de um negro super inteligente tentando conquistar seu espaço no meio de uma sociedade preconceituosa. Não se trata apenas de racismo. O que pude observar é muito mais amplo. Uma questão de humanidade. Trata-se de como somos capazes de trocar as pessoas por coisas. Trocamos seres humanos que cooperam com o nosso sucesso, pelo nosso proprio sucesso. O Dr. Blalock teve ao seu lado por anos a fio, não um mero assistente, ou um técnico especializado, não mais um médico cirurgião, ou um outro gênio da história da medicina. Não! Ele não conseguiu enchergar e muito menos reconhecer, infelizmente, que ao seu lado tinha um amigo. Um homem de família simples, muito honrado e trabalhador, que renunciou tantas horas de sua vida para dedicar-se ao projeto do Dr. Blalock. Até sua morte, o referido e prestigiado doutor nunca manifestou um pedido de perdão por ter ignorado tão friamente àquele que possibilitou a sua ascenção e glória na comunidade científica.
Há dois meses vi outro filme com o mesmo enredo, A Rede Social. Enfim, histórias que se repetem na vida real e que são retratadas ou não em películas. Não é essa a história do crescimento financeiro de inúmeros países do chamado primeiro mundo? Quantos outros povos perderam suas riquezas, seus territórios, sua gente, sua história para fazer com que tais países enriquecessem? E o que receberam em troca? Desdém, ostracismo, racismo, indiferença, menosprezo, etc.
Eis um problema da humanidade. O que mais me impressiona é o fato do célebre pensador político e autor da frase: “Os fins justificam os meios”, Nicolau Maquiavel, ser o mesmo a declarar: “Não se pode chamar de "valor" assassinar seus cidadãos, trair seus amigos, faltar a palavra dada, ser desapiedado, não ter religião. Essas atitudes podem levar à conquista de um império, mas não à glória”.
Nosso mundo respira egoísmo. Pessoas são usadas como degraus. Os relacionamentos são trivializados. A ingratidão é uma epidemia nas almas dos homens. Como resultado vemos intermináveis histórias de pessoas de sucesso infelizes em seus casamentos, artistas de cinema presos às drogas, modelos lindíssimas com tantas inimigas, milionários solitários e, sem coerência alguma, um montão de gente querendo estar onde eles estão.
O nosso Mestre Jesus nos ensinou a darmos mais valor às pessoas do que as coisas, lugares, sucesso ou intelectualidade. Jesus disse que Deus dá tanto valor às pessoas que “até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não temais, pois; mais valeis vós do que muitos passarinhos” (Mt 10.30-31). Seus discípulos, homens pelos quais o mundo não dava valor algum, Ele os tornou nobres e distintos em sua geração. Fez isso ao ensinar-lhes o mais profundo amor. Jesus foi agradecido ao Pai por aqueles que o Pai tinha lhe dado. Jamais esqueceu Pedro, o amigo que o negou publicamente, e deu o título de amigo a Judas, que o traía. E mais, ensinou-os a se amarem e honrarem mutuamente. “Amem-se como eu vos amei” (Jo 15.12).
Os homens desse mundo não conseguem honrar àqueles que cooperam com seu sucesso. Quase deuses? Como assim?
O Homem do céu, Jesus (O verdadeiro Deus e Vida Eterna), honrou, com seu amor, graça, presença e perdão, homens que definifitivamente não mereciam nada disso.
Fico perplexo diante de tanta diferença!
Só nos resta nos curvarmos a Jesus e venerarmos Sua pessoa.

domingo, 3 de julho de 2011

Descansar



Gosto muito do Salmo 131 - "Senhor, não é soberbo o meu coração, nem altivo o meu olhar; não ando à procura de grandes coisas, nem de coisas maravilhosas demais para mim, antes, fiz calar e sossegar a minha alma, como uma criança desmamada se aquieta no colo de sua mãe, assim como essa criança é minha alma para contigo. Espera, ó Israel, no Senhor, desde agora e para sempre." 


A cada dia que passa eu descubro o quanto ainda preciso aprender acerda da profundidade dessas tão simples palavras de Davi. Sim, desejo aprender mais! O que anseia uma criança recém-nascida? Por acaso ela está preoculpada com o dia de amanhã? Ou com a elevação da inflação e a taxa de juros? Ou com as contas a receber e a pagar? Ou com os diversos problemas do dia-a-dia? Certamente não! O que ela mais deseja é o colo da mãe. Ela chora pela mãe! Entre seus braços, a pequena criança é acariciada, alimentada e por fim, entra no descanso. Da mesma forma, meu Deus, meu Amado Senhor, quero estar em Teus braços! 


O que mais importa para nós? O que mais tem nos inquietado? Como precisamos aprender a sossegar a nossa alma! Isso só será possível se estivermos entre Seus braços! Nada pode substituir os braços do nosso Papai celeste. Entre seus braços há calor, há vida, escutamos seu coração batendo de amor por nós e nos alimentamos dEle. Não há lugar melhor para estar! Todas as outras coisas perdem a importancia quando nos colocamos nesse lugar!

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Quanto mais santo, mais humilde!

Por Saulinho Farias


Nos últimos dias tenho lido e meditado acerca da humildade. Jesus disse: “... aprendei de mim que Sou manso e humilde de coração...” (Mt 11.29). O padrão de humildade que devemos imitar é o dEle. A humildade de Jesus é o padrão. Tenho aprendido que Deus não deseja apenas que tenhamos momentos de contrição e humilhação, mas que venhamos a ser revestidos de humildade, assim como Jesus. 


A santidade é o termômetro do crescimento do cristão. Santidade significa “separação”. Quanto mais santo, mais separado do mundo, mais perto de Deus. Muito se fala hoje sobre santidade. Há congressos de santidade, músicas, livros e palestras sobre santidade, etc. Aprendi com Andrew Murray que o maior teste para vermos se a santidade que se fala é aquela que se vive é perguntando: “Está havendo humildade?”, pois quanto mais santo, mais humilde. Até a nossa busca por santidade deve ser refinada pela peneira da humildade para que não venhamos a cair no laço do orgulho espiritual. 


Muitos são tão “santos” que às vezes se tornam inacessíveis, “grandes homens de Deus”, pessoas que se tornam de difícil acesso e relacionamento porque sempre tem na ponta da língua a última revelação do céu. Não estou aqui querendo fazer com que você imagine alguém, uma outra pessoa, não. Pra falar a verdade todos nós temos muito o que aprender sobre isso. 


Jesus citou uma parábola que dois homens subiram ao templo para orar (Lc 18.9-14), um era fariseu, que sempre estava se justificando diante de Deus apresentando suas obras, considerava-se justo, santo, etc. O outro homem era um mísero publicano, que não ousava nem levantar seus olhos ao céu pedindo misericórdia a Deus. Saiba de uma coisa: Nós somos o templo de Deus e devemos estar cientes de que esses dois homens, dentro de nós, sobem para orar. Por mais santo que você seja ainda há em você a velha natureza. Cuidado com ela! Essa é a razão pela qual a verdadeira santidade é aquela que vem acompanhada de humildade. 


O reconhecimento de que não depende de nós, é favor de Deus. Aprendemos com isso que nunca devemos nos sentir superiores aos outros irmãos, por mais jovens ou fracos que esses sejam. Nunca devemos achar que não precisaremos mais nos submeter a outros, buscar conselho de outros, ouvir a outros, etc. Às vezes ouvimos dos erros de alguns irmãos e de repente, descuidadamente dizemos ou pensamos: “eu nunca faria isso!” Que é isso senão orgulho? Quanto mais nos aproximamos de Deus, vemos que Ele é Santo, Santo, Santo. E nós? O que vemos em nós? GRAÇA de Deus!!! A tão gloriosa santidade de Deus nos revela que não somos NADA sem Ele, e Ele é TUDO em nós e que se não fosse Sua misericórdia e graça em Jesus, estaríamos consumidos. Quanto mais recebermos dessa revelação, seremos capazes de perceber o Senhor em uma simples criança e nos contentaremos com o nosso lugar no Corpo de Cristo.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Deus se revela aos pequeninos


Por Saulinho Farias

"Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e instituídos e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, por que assim foi do teu agrado". Mt 11.25-26

Ontem estava conversando com meu amado amigo Lausemar sobre uma experiência de uma jovem recém chegada à nossa congregaçao. Essa garota com aproximadamente 15 anos, se converteu recentemente e tem desenvolvido um amor sincero pelo Senhor, ao ponto de renunciar um relacionamento indevido pelo reino de Deus.

Mas algo aconteceu no sábado com essa, e outras duas jovens, na casa de uma delas, que me deixou aos meus pensamentos. Era aproximadamente uma da madrugada quando recebi uma ligação de uma delas. As três estavam maravilhadas e aos prantos. A jovem a que me referi estava vendo anjos de Senhor e uma forte luz entre eles, que penso ser o próprio Jesus. Pude gozar um pouco daquela alegria via celular e pedi a elas que orassem por mim.

Conversando com o Lau, ele me disse: Saulinho, eu não duvido da experiência dessa jovem, mas o que me pergunto é: qual é o propósito por traz dessa manifestação do Senhor? Creio firmemente que por traz de cada manifestação divina está a Sua própria glória. O objetivo de Deus se revelar poderosamente ao homem é que Ele mesmo seja glorificado.  

Lembro de uma experiência que tive quando pré-adolescente, quando meu pai me levou, em companhia de uns dez irmãos, para uma vigília em um monte, no meio de uma mata fechada. Lembro que um dado momento, todos nós vimos algo tremendamente lindo. As folhas secas das árvores que estavam no chão começaram literalmente a brilhar. Uma linda luz. Um fogo que queimava e não consumia as folhinhas. Eu pegava uma folha seca brilhante e com ela lia a minha bíblia, com ela via o rosto dos meus irmãos. Foi realmente maravilhoso.

Lembro que aos 17 anos contei essa experiência para a minha turma da universidade, em uma aula de filosofia. O professor até então tinha discursado sobre Deus da seguinte maneira: “As visões de Deus são produto do imaginário do homem; porque geralmente quando alguém diz que está tendo uma visão, essa visão não pode ser compartilhada”. Então, como eu tinha experimentado, por mais tímido e infantil que fosse, não poderia ficar calado.

Me levantei e contei minha experiência para meus céticos colegas, que ao final fizeram uma pausa com a seguinte argumentação que fiz: “Não apenas eu, mas todos os que estavam naquele monte viram a glória de Deus. Se todos vocês se dispusessem a ir àquele lugar com esse espírito altivo, Deus jamais se revelaria. Ele se revela aos pequeninos, aos simples que crêem. Deus não tem necessidade de provar sua existência ao homem. Ele simplesmente existe. E digo mais: se eu estivesse mentindo a todos vocês, pior estaria fazendo a mim mesmo, pois estaria mentindo a mim mesmo”. Toda a turma se calou e o professor rompeu o silencio: “Pois é! Existem muitas coisas que a ciência não explica”.

Quando leio a exclamação de Jesus acima: "Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e instituídos e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, por que assim foi do teu agrado". Imagino Jesus olhando para os seus seguidores, homens simples e rudes, e depois olhando para o céu com um sorriso no rosto. Deus se revela às criancinhas, não aos que se acham sábios segundo esse mundo.


Se você já teve muitas experiências com Deus, pode em algum momento sentir-se tentado a pensar que você é um pouco "mais iluminado" do que os demais. Por favor, querido, não caia nesse laço do diabo. Não se trata de você. Que Deus seja glorificado, não você. Se Deus quer se revelar, Ele o faz. Não importa a quem seja; pode ser até a um assassino de crentes; se assim Ele quiser ser glorificado. 

Quanto mais o nosso coração crescer em humildade e singeleza, tendo o coração simples e aberto como o de uma criança, mas nos surpreenderemos com Deus, mais teremos a descobrir. Nosso grande desafio é crescer no conhecimento das coisas espirituais e manter o espírito em humildade, para continuarmos nos maravilhando com a glória de Deus. 

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Exclusão


Por Saulinho Farias
Capítulo do meu livro "Preciso de Força"

“...consoleis os de pouco ânimo, sustenteis os fracos e sejais pacientes para com todos”. I Ts 5.14b
Em 2009, Vítor Vicente, um estudante recém aprovado no vestibular da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro acabara de ingressar no curso de Física. A alegria dos pais com a aprovação do filho na renomada universidade foi repentinamente interrompida logo na primeira semana de aula: o jovem de 22 anos foi violentamente constrangido pelos veteranos do seu curso a mergulhar em uma piscina para atletas de saltos ornamentais com profundidade de 9 metros, mesmo sem saber nadar. Tratava-se de um trote universitário, prática na qual alunos universitários veteranos obrigam os recém chegados, denominados por eles de “bixos”, a vivenciarem situações variadas de humilhação e constrangimento para “merecerem” estar ali.  O Vítor morreu afogado.
Existem relatos de trotes humilhantes onde os veteranos obrigam os recém chegados a comerem suas fezes ou beberem urina; outros são expostos a humilhação com conotação sexual; em 2009 um grupo de novos estudantes do interior de São Paulo se queixou que foram obrigados a rolar em uma lona com corpos de animais mortos e fezes em decomposição. Os novatos calouros são vistos pelos veteranos como animais a serem domesticados por meio dessas práticas vexatórias. Eles devem “aprender a trotar”, pois futuramente são eles que vão se impor. Os alunos que não participam desses trotes são excluídos dos demais, considerados fracotes e “bixos eternos”, são condenados pelos outros a prática constante do bullying, ou seja, sofrem humilhações durante todo o decorrer do curso. Não são poucos os casos de jovens submetidos a tratamento psicológico após trotes estudantis.
É de impressionar que um grupo de pessoas tão distinto como os universitários, onde o conhecimento é tão valorizado, venham a denegrir a dignidade do próximo com tanta crueldade. É mais uma prova de que o conhecimento humano à parte de Deus não transforma o caráter humano nem resolve os conflitos nos relacionamentos. Pelo contrário: impera uma mentalidade egoísta e darwiniana de “seleção natural” onde os mais fortes sobrevivem. “Se você for um fraco (ou feio, ou pobre, ou negro) não tem espaço no meu grupo”.
Esse tipo de mentalidade tão comum no mundo não deve ter lugar na família de Deus. Mas infelizmente nem sempre é assim que acontece. O que se percebe é que naquilo que deveríamos ser um exemplo, pelo fato de levarmos o nome de Deus conosco, temos sido reprovados. “Não é de admirar que o mundo fala mal de Deus por culpa de vocês” (Rm 2.24), pois prática não tem se elevado ao nível do discurso. Será que temos dado espaço para os fracos?  Temos acolhido as pessoas tristes e desanimadas? Temos recebido os pobres? O mundo escolhe os fortes, dá preferência àqueles que possuem uma boa aparência, aos que são inteligentes e sabem se expressar bem, aos que estão sempre entusiasmados, àqueles que tem o perfil de líderes ou àquelas pessoas vivem em função da expectativa dos outros. Mas isso é – no mundo. Não na Igreja do Senhor. Na família de Deus deve-se excluir do vocabulário a palavra exclusão.
O “trote espiritual” não é uma prática tão visível como o trote estudantil. Trata-se de uma exclusão dissimulada, praticada por alguns que se consideram “veteranos na fé”, ou “espirituais”. Em seu interior se acham fortes, maduros, sábios. Acham que sua história de vida deve ser um padrão fixo a ser copiado pelos demais. As regras que se aplicam a eles obrigatoriamente devem ser aplicadas a todos os que vierem após si.
O “trote espiritual” é tão pernicioso, se configura um abuso ainda mais nocivo que a rejeição aplicada pelo mundo. Isso porque aqueles que abusam fazem em nome de Deus, dizendo que são autoridade de Deus, dizendo que ouviram de Deus e estão seguindo suas orientações. As vítimas desses abusos são taxadas pelos próprios ‘irmãos’ como insubordinadas, rebeldes, ou até hereges. Não são poucas as histórias na igreja evangélica brasileira de pessoas traumatizadas com o convívio com os irmãos e que acabaram se desviando porque não suportaram o bullying espiritual dos religiosos. Casos absurdos de pessoas que foram disciplinadas publicamente na igreja, ou até mesmo expulsas de seu rol de membros, porque usavam sabonete, pintavam os cabelos, estavam bronzeados, ou foram flagrados assistindo TV, ou um culto em outra denominação.
Muitos excluem os outros dos seus grupinhos dizendo ser isso coisa de Deus. Justificam suas ações desamorosas com base em textos bíblicos separados de seu contexto e usam perigosamente o nome de Deus sem imaginar que estão trazendo condenação para si mesmos.
Nos últimos anos temos presenciado uma renovação muito benéfica em alguns setores da igreja brasileira. Muita coisa mudou. Mas sempre questiono: será que ainda estamos suscetíveis aos erros de antes? Talvez não julguemos mais o irmão por causa de uma TV (como no passado), mas será que temos desprezado outros pelo fato de não concordarem conosco em alguns aspectos de nossa fé? Seria esse um pecado menor?
“Será que aquele grupo ‘está na visão’ ou ‘não está na visão’?”
“Afinal, eles fazem parte de nossa cobertura espiritual ou não?”
“Eles são igreja tradicional ou em células?”
“Ih! Fulano deixou o Evangelho do Reino e voltou à denominação!”
“Beltrano não é discipulado (ao invés de discipulável)? Então não é um discípulo!”


"Cicrano não fala nossa linguagem!"
“Aceitem entre vocês quem é fraco na fé sem criticar as opiniões dessa pessoa. Por exemplo, algumas pessoas crêem que podem comer de tudo, mas quem é fraco na fé come somente verduras e legumes. Quem come de tudo não deve desprezar quem não faz isso, e quem só come verduras e legumes não deve condenar quem come de tudo, pois Deus o aceitou.  Romanos 14.1-3
Nesse texto vemos dois tipos de pecado. Algumas pessoas vivem sob alguns códigos de conduta e julgam as demais por não estarem sob eles. Elas condenam. Esse é um pecado mais conhecido. Outras pessoas não vêem a necessidade de submissão a essas regras e têm sua consciência limpa pela maneira em que vivem, mas infelizmente tendem a desprezar aqueles que estão sob tais regras. Juízo e desprezo. Pecados praticados por dois tipos distintos, mas que em síntese tem o mesmo peso diante de Deus.
Talvez não julguemos os outros por jogar futebol ou tingir o cabelo, mas será que desprezamos àqueles que acham que isso é pecado? Será que nos consideramos maiores ou com maior esclarecimento espiritual do que aqueles irmãos que não vão ao cinema ou não batem palmas nas reuniões?
Paulo diz: “Aceitem entre vocês quem é fraco na fé sem criticar as opiniões dessa pessoa”. Diz isso porque para ele mais importante que opiniões é aceitação. Mas poderoso que regras de conduta é um abraço fraterno. Mas importante que todos os demais princípios é o amor. Não existe nada antes do amor. Tudo que está fora do amor não tem valor algum.
Quão diferente foi o nosso Senhor Jesus. Quando olhamos para a vida de Jesus ficamos estarrecidos com uma maneira de aceitar o próximo totalmente diferente da nossa. Ao ouvimos as palavras de Jesus deveríamos nos envergonhar de nossa seletividade, espírito farisaico, orgulho espiritual e preconceito religioso.
“O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor”. Lucas 4.18-19
Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes. Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero e não holocaustos; pois não vim chamar justos, e sim pecadores [ao arrependimento]”. Mateus 9.12-13
Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei”. Mateus 11.28
Jesus chama o fraco e cansado, vai na direção dos pecadores e miseráveis, procura os cativos e encarcerados, os cegos, os doentes. Venham a Ele todos os deprimidos, angustiados, tentados, aflitos, chorões, bêbados, endividados, despreparados, tristes, complicados, medrosos, homossexuais, prostitutas, desesperados, endemoninhados, drogados e quem mais quiser se inscrever nessa lista. Ele garante: vos aliviarei, curarei, libertarei.
A igreja deve ser um lugar de atração para os fracos, sendo tal qual Seu Mestre. Não devemos admitir que haja em nós presunção tal que nos faça não receber qualquer pecador entre nós como se fosse um de nós. O que se observa é que muitos tem dificuldade de chegar perto de um grupo tão “santo” porque não se acham à altura deles, é difícil conversar com eles (pois não conseguem ouvir), é difícil ser fraco perto deles (pois não conseguem suportar), é difícil crescer perto deles (pois não conseguem esperar).
Muitos acabam não se identificando conosco por sermos intolerantes, altivos, inacessíveis, “perfeitos”, impacientes, metódicos, formais, frios, indiferentes, desumanos, desalmados, refletindo um deus que definitivamente não é o nosso Jesus, que se inclinou na direção do homem, se esvaziou e assumiu sua forma, respirou o mesmo ar do leproso e comeu no mesmo prato de rudes pescadores. Como conseqüência, não atraímos ninguém, e justificamos nossos “gatos pingados” de discípulos com a falácia de que estamos priorizando qualidade ou santidade.
No livro de I Samuel 22. 2 vemos que quando Davi se refugiou na caverna de Adulão ao ser perseguido por Saul “juntaram-se a ele todos os homens que se achavam em aperto, e todo homem endividado, e todos os amargurados de espírito, e ele se fez chefe deles; e eram com ele uns quatrocentos homens”. Esse infame bando de desajustados e perdedores encontraram um líder tão aflito como eles, que por fim os transformou em um famoso exercito de valentes que entrou pra história da humanidade.
Essa é a postura que devemos ter: Acolher aqueles que nada são, cujo presente é inexpressivo  e o futuro parece incerto, e por meio do amor e do cuidado, os entregarmos nas mãos daquele que é poderoso para fazer muito mais do que tudo o que pedimos ou pensamos. Há lugar para os fracos desse mundo – a casa de Deus.