quarta-feira, 29 de junho de 2011

Deus se revela aos pequeninos


Por Saulinho Farias

"Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e instituídos e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, por que assim foi do teu agrado". Mt 11.25-26

Ontem estava conversando com meu amado amigo Lausemar sobre uma experiência de uma jovem recém chegada à nossa congregaçao. Essa garota com aproximadamente 15 anos, se converteu recentemente e tem desenvolvido um amor sincero pelo Senhor, ao ponto de renunciar um relacionamento indevido pelo reino de Deus.

Mas algo aconteceu no sábado com essa, e outras duas jovens, na casa de uma delas, que me deixou aos meus pensamentos. Era aproximadamente uma da madrugada quando recebi uma ligação de uma delas. As três estavam maravilhadas e aos prantos. A jovem a que me referi estava vendo anjos de Senhor e uma forte luz entre eles, que penso ser o próprio Jesus. Pude gozar um pouco daquela alegria via celular e pedi a elas que orassem por mim.

Conversando com o Lau, ele me disse: Saulinho, eu não duvido da experiência dessa jovem, mas o que me pergunto é: qual é o propósito por traz dessa manifestação do Senhor? Creio firmemente que por traz de cada manifestação divina está a Sua própria glória. O objetivo de Deus se revelar poderosamente ao homem é que Ele mesmo seja glorificado.  

Lembro de uma experiência que tive quando pré-adolescente, quando meu pai me levou, em companhia de uns dez irmãos, para uma vigília em um monte, no meio de uma mata fechada. Lembro que um dado momento, todos nós vimos algo tremendamente lindo. As folhas secas das árvores que estavam no chão começaram literalmente a brilhar. Uma linda luz. Um fogo que queimava e não consumia as folhinhas. Eu pegava uma folha seca brilhante e com ela lia a minha bíblia, com ela via o rosto dos meus irmãos. Foi realmente maravilhoso.

Lembro que aos 17 anos contei essa experiência para a minha turma da universidade, em uma aula de filosofia. O professor até então tinha discursado sobre Deus da seguinte maneira: “As visões de Deus são produto do imaginário do homem; porque geralmente quando alguém diz que está tendo uma visão, essa visão não pode ser compartilhada”. Então, como eu tinha experimentado, por mais tímido e infantil que fosse, não poderia ficar calado.

Me levantei e contei minha experiência para meus céticos colegas, que ao final fizeram uma pausa com a seguinte argumentação que fiz: “Não apenas eu, mas todos os que estavam naquele monte viram a glória de Deus. Se todos vocês se dispusessem a ir àquele lugar com esse espírito altivo, Deus jamais se revelaria. Ele se revela aos pequeninos, aos simples que crêem. Deus não tem necessidade de provar sua existência ao homem. Ele simplesmente existe. E digo mais: se eu estivesse mentindo a todos vocês, pior estaria fazendo a mim mesmo, pois estaria mentindo a mim mesmo”. Toda a turma se calou e o professor rompeu o silencio: “Pois é! Existem muitas coisas que a ciência não explica”.

Quando leio a exclamação de Jesus acima: "Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e instituídos e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, por que assim foi do teu agrado". Imagino Jesus olhando para os seus seguidores, homens simples e rudes, e depois olhando para o céu com um sorriso no rosto. Deus se revela às criancinhas, não aos que se acham sábios segundo esse mundo.


Se você já teve muitas experiências com Deus, pode em algum momento sentir-se tentado a pensar que você é um pouco "mais iluminado" do que os demais. Por favor, querido, não caia nesse laço do diabo. Não se trata de você. Que Deus seja glorificado, não você. Se Deus quer se revelar, Ele o faz. Não importa a quem seja; pode ser até a um assassino de crentes; se assim Ele quiser ser glorificado. 

Quanto mais o nosso coração crescer em humildade e singeleza, tendo o coração simples e aberto como o de uma criança, mas nos surpreenderemos com Deus, mais teremos a descobrir. Nosso grande desafio é crescer no conhecimento das coisas espirituais e manter o espírito em humildade, para continuarmos nos maravilhando com a glória de Deus. 

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Exclusão


Por Saulinho Farias
Capítulo do meu livro "Preciso de Força"

“...consoleis os de pouco ânimo, sustenteis os fracos e sejais pacientes para com todos”. I Ts 5.14b
Em 2009, Vítor Vicente, um estudante recém aprovado no vestibular da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro acabara de ingressar no curso de Física. A alegria dos pais com a aprovação do filho na renomada universidade foi repentinamente interrompida logo na primeira semana de aula: o jovem de 22 anos foi violentamente constrangido pelos veteranos do seu curso a mergulhar em uma piscina para atletas de saltos ornamentais com profundidade de 9 metros, mesmo sem saber nadar. Tratava-se de um trote universitário, prática na qual alunos universitários veteranos obrigam os recém chegados, denominados por eles de “bixos”, a vivenciarem situações variadas de humilhação e constrangimento para “merecerem” estar ali.  O Vítor morreu afogado.
Existem relatos de trotes humilhantes onde os veteranos obrigam os recém chegados a comerem suas fezes ou beberem urina; outros são expostos a humilhação com conotação sexual; em 2009 um grupo de novos estudantes do interior de São Paulo se queixou que foram obrigados a rolar em uma lona com corpos de animais mortos e fezes em decomposição. Os novatos calouros são vistos pelos veteranos como animais a serem domesticados por meio dessas práticas vexatórias. Eles devem “aprender a trotar”, pois futuramente são eles que vão se impor. Os alunos que não participam desses trotes são excluídos dos demais, considerados fracotes e “bixos eternos”, são condenados pelos outros a prática constante do bullying, ou seja, sofrem humilhações durante todo o decorrer do curso. Não são poucos os casos de jovens submetidos a tratamento psicológico após trotes estudantis.
É de impressionar que um grupo de pessoas tão distinto como os universitários, onde o conhecimento é tão valorizado, venham a denegrir a dignidade do próximo com tanta crueldade. É mais uma prova de que o conhecimento humano à parte de Deus não transforma o caráter humano nem resolve os conflitos nos relacionamentos. Pelo contrário: impera uma mentalidade egoísta e darwiniana de “seleção natural” onde os mais fortes sobrevivem. “Se você for um fraco (ou feio, ou pobre, ou negro) não tem espaço no meu grupo”.
Esse tipo de mentalidade tão comum no mundo não deve ter lugar na família de Deus. Mas infelizmente nem sempre é assim que acontece. O que se percebe é que naquilo que deveríamos ser um exemplo, pelo fato de levarmos o nome de Deus conosco, temos sido reprovados. “Não é de admirar que o mundo fala mal de Deus por culpa de vocês” (Rm 2.24), pois prática não tem se elevado ao nível do discurso. Será que temos dado espaço para os fracos?  Temos acolhido as pessoas tristes e desanimadas? Temos recebido os pobres? O mundo escolhe os fortes, dá preferência àqueles que possuem uma boa aparência, aos que são inteligentes e sabem se expressar bem, aos que estão sempre entusiasmados, àqueles que tem o perfil de líderes ou àquelas pessoas vivem em função da expectativa dos outros. Mas isso é – no mundo. Não na Igreja do Senhor. Na família de Deus deve-se excluir do vocabulário a palavra exclusão.
O “trote espiritual” não é uma prática tão visível como o trote estudantil. Trata-se de uma exclusão dissimulada, praticada por alguns que se consideram “veteranos na fé”, ou “espirituais”. Em seu interior se acham fortes, maduros, sábios. Acham que sua história de vida deve ser um padrão fixo a ser copiado pelos demais. As regras que se aplicam a eles obrigatoriamente devem ser aplicadas a todos os que vierem após si.
O “trote espiritual” é tão pernicioso, se configura um abuso ainda mais nocivo que a rejeição aplicada pelo mundo. Isso porque aqueles que abusam fazem em nome de Deus, dizendo que são autoridade de Deus, dizendo que ouviram de Deus e estão seguindo suas orientações. As vítimas desses abusos são taxadas pelos próprios ‘irmãos’ como insubordinadas, rebeldes, ou até hereges. Não são poucas as histórias na igreja evangélica brasileira de pessoas traumatizadas com o convívio com os irmãos e que acabaram se desviando porque não suportaram o bullying espiritual dos religiosos. Casos absurdos de pessoas que foram disciplinadas publicamente na igreja, ou até mesmo expulsas de seu rol de membros, porque usavam sabonete, pintavam os cabelos, estavam bronzeados, ou foram flagrados assistindo TV, ou um culto em outra denominação.
Muitos excluem os outros dos seus grupinhos dizendo ser isso coisa de Deus. Justificam suas ações desamorosas com base em textos bíblicos separados de seu contexto e usam perigosamente o nome de Deus sem imaginar que estão trazendo condenação para si mesmos.
Nos últimos anos temos presenciado uma renovação muito benéfica em alguns setores da igreja brasileira. Muita coisa mudou. Mas sempre questiono: será que ainda estamos suscetíveis aos erros de antes? Talvez não julguemos mais o irmão por causa de uma TV (como no passado), mas será que temos desprezado outros pelo fato de não concordarem conosco em alguns aspectos de nossa fé? Seria esse um pecado menor?
“Será que aquele grupo ‘está na visão’ ou ‘não está na visão’?”
“Afinal, eles fazem parte de nossa cobertura espiritual ou não?”
“Eles são igreja tradicional ou em células?”
“Ih! Fulano deixou o Evangelho do Reino e voltou à denominação!”
“Beltrano não é discipulado (ao invés de discipulável)? Então não é um discípulo!”


"Cicrano não fala nossa linguagem!"
“Aceitem entre vocês quem é fraco na fé sem criticar as opiniões dessa pessoa. Por exemplo, algumas pessoas crêem que podem comer de tudo, mas quem é fraco na fé come somente verduras e legumes. Quem come de tudo não deve desprezar quem não faz isso, e quem só come verduras e legumes não deve condenar quem come de tudo, pois Deus o aceitou.  Romanos 14.1-3
Nesse texto vemos dois tipos de pecado. Algumas pessoas vivem sob alguns códigos de conduta e julgam as demais por não estarem sob eles. Elas condenam. Esse é um pecado mais conhecido. Outras pessoas não vêem a necessidade de submissão a essas regras e têm sua consciência limpa pela maneira em que vivem, mas infelizmente tendem a desprezar aqueles que estão sob tais regras. Juízo e desprezo. Pecados praticados por dois tipos distintos, mas que em síntese tem o mesmo peso diante de Deus.
Talvez não julguemos os outros por jogar futebol ou tingir o cabelo, mas será que desprezamos àqueles que acham que isso é pecado? Será que nos consideramos maiores ou com maior esclarecimento espiritual do que aqueles irmãos que não vão ao cinema ou não batem palmas nas reuniões?
Paulo diz: “Aceitem entre vocês quem é fraco na fé sem criticar as opiniões dessa pessoa”. Diz isso porque para ele mais importante que opiniões é aceitação. Mas poderoso que regras de conduta é um abraço fraterno. Mas importante que todos os demais princípios é o amor. Não existe nada antes do amor. Tudo que está fora do amor não tem valor algum.
Quão diferente foi o nosso Senhor Jesus. Quando olhamos para a vida de Jesus ficamos estarrecidos com uma maneira de aceitar o próximo totalmente diferente da nossa. Ao ouvimos as palavras de Jesus deveríamos nos envergonhar de nossa seletividade, espírito farisaico, orgulho espiritual e preconceito religioso.
“O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor”. Lucas 4.18-19
Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes. Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero e não holocaustos; pois não vim chamar justos, e sim pecadores [ao arrependimento]”. Mateus 9.12-13
Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei”. Mateus 11.28
Jesus chama o fraco e cansado, vai na direção dos pecadores e miseráveis, procura os cativos e encarcerados, os cegos, os doentes. Venham a Ele todos os deprimidos, angustiados, tentados, aflitos, chorões, bêbados, endividados, despreparados, tristes, complicados, medrosos, homossexuais, prostitutas, desesperados, endemoninhados, drogados e quem mais quiser se inscrever nessa lista. Ele garante: vos aliviarei, curarei, libertarei.
A igreja deve ser um lugar de atração para os fracos, sendo tal qual Seu Mestre. Não devemos admitir que haja em nós presunção tal que nos faça não receber qualquer pecador entre nós como se fosse um de nós. O que se observa é que muitos tem dificuldade de chegar perto de um grupo tão “santo” porque não se acham à altura deles, é difícil conversar com eles (pois não conseguem ouvir), é difícil ser fraco perto deles (pois não conseguem suportar), é difícil crescer perto deles (pois não conseguem esperar).
Muitos acabam não se identificando conosco por sermos intolerantes, altivos, inacessíveis, “perfeitos”, impacientes, metódicos, formais, frios, indiferentes, desumanos, desalmados, refletindo um deus que definitivamente não é o nosso Jesus, que se inclinou na direção do homem, se esvaziou e assumiu sua forma, respirou o mesmo ar do leproso e comeu no mesmo prato de rudes pescadores. Como conseqüência, não atraímos ninguém, e justificamos nossos “gatos pingados” de discípulos com a falácia de que estamos priorizando qualidade ou santidade.
No livro de I Samuel 22. 2 vemos que quando Davi se refugiou na caverna de Adulão ao ser perseguido por Saul “juntaram-se a ele todos os homens que se achavam em aperto, e todo homem endividado, e todos os amargurados de espírito, e ele se fez chefe deles; e eram com ele uns quatrocentos homens”. Esse infame bando de desajustados e perdedores encontraram um líder tão aflito como eles, que por fim os transformou em um famoso exercito de valentes que entrou pra história da humanidade.
Essa é a postura que devemos ter: Acolher aqueles que nada são, cujo presente é inexpressivo  e o futuro parece incerto, e por meio do amor e do cuidado, os entregarmos nas mãos daquele que é poderoso para fazer muito mais do que tudo o que pedimos ou pensamos. Há lugar para os fracos desse mundo – a casa de Deus.


sábado, 25 de junho de 2011

Consolação ou vinho e fel?

Por Saulinho Farias
“E chegando a um lugar chamado Golgota, que significa Lugar da Caveira, deram-lhe a beber vinho com fel; mas ele, provando-o, não o quis beber”. Mateus 27.33-34

O Golgota era um lugar macabro fora de Jerusalém.
Jesus já tinha sofrido terrivelmente nas mãos dos soldados romanos, estava profundamente exausto, sofrendo dores de todo tipo no corpo e na alma, tinha caído diversas vezes no caminho até aquele lugar e precisou ser ajudado no trajeto com a sua cruz.
A crucificação era uma condenação terrível. O condenado ficava pendurado durante horas sofrendo dores insuportáveis, morrendo lentamente de hemorragia, desidratação, insolação e falência cardíaca.
Os soldados romanos em um gesto mínimo de misericórdia costumavam dar aos criminosos uma bebida anestésica conhecida na época, vinho e fel. Para quem estava diante de tanta dor e desespero, até que essa bebida era muito bem vinda.
Os soldados romanos certamente ficaram impressionados em muitos aspectos com Jesus Cristo; eis mais um: Ele rejeitou a bebida anestésica. Como pode alguém não querer algo que alivie a sua dor? Como pode alguém querer se manter lúcido e consciente até o fim tendo a opção de “apagar” diante de tanta vergonha e humilhação?
Certamente, como bem refletiu Augusto Cury: “Até a última batida do seu coração, o Mestre da Vida estava plenamente consciente do mundo à sua volta. Sofria muito, mas permanecia inabalável. Os soldados se prepararam para contê-lo, como a todo crucificado, mas não foi preciso. O Mestre não ofereceu resistência. Nunca foi tão fácil crucificar um homem. Os homens poderiam tirar-lhe tudo, até a roupa, mas não lhe arrancariam a consciência”.
Surge aqui uma mensagem a todos os usuários de drogas, sejam elas quais forem. A farmacodependência constitui-se uma das muitas fugas do homem moderno para tentar aplacar as angústias da existência. Nosso amado Senhor não optou pela negação do sofrimento. Não fez de conta que não estava vivenciando aquilo. Não quis viajar em sua consciência para tentar aplacar a dor de sua alma. Mas sofreu até o fim, sem negar, sem fugir, conscientemente.
Estive refletindo muito nesses assuntos. Essa postura do Senhor naquele dia sombrio nos ensina em nossos dias sombrios. Não adianta querer fugir da realidade. A negação da situação é o mesmo que mentir para nós mesmos. Não nos faz bem. É melhor chorar consciente da realidade do que tentar negá-la com anestésicos, soníferos, bebidas, ou diversões, agenda cheia, muito trabalho, etc.
Muitas pessoas estão diante do sofrimento, vivenciando angústias na alma, tomando sua cruz no “Golgota” da vida. Tenho observado que nós podemos proporcionar ajuda de duas maneiras: existe um tipo de anestésico que podemos apresentar, o vinho e fel “espiritual” e podemos oferecer consolo. Qual a diferença?
O vinho e fel “espiritual” aparentemente está adocicado de fundamento:
·         “Por que ser tão imaturo e confuso? Não adianta chorar!”
·          “Eu não agüento mais ver você assim! Levante a cabeça pois o cristão não pode estar triste, deve sorrir, e dizer: Vai tudo bem!”
·         “Ansiedade e depressão não é coisa de crente, pare com isso!”
Os irmãos que oferecem vinho e fel aos que estão nos vales da vida muitas vezes estão com boas intenções, mas existe um problema: são impacientes. Eles querem evitar a todo custo os problemas. Como diz o Larry Crabb, uma “comunidade de consertadores”, que encontram solução pra tudo, formulas “perfeitas” para todos os problemas.
Para mim, fica notável que misturado ao vinho e fel “espiritual” está a impaciência. Não toleramos a vulnerabilidade alheia. Preferimos apresentar soluções para serem aplicadas rapidamente, não porque queremos primeiramente o bem do próximo, mas porque a situação problemática do próximo nos causa um incômodo inconveniente, e desejamos nos livrar desse incômodo o quanto antes. Oferecemos solução, mas não ajuda. Dizemos o que aquela pessoa precisa fazer, mas não dispomos nossos braços em auxílio. Não estamos dispostos a simplesmente nos colocar ao lado e chorar junto, pelo tempo que for preciso.
“Se um irmão ou uma irmã estiverem carecidos de roupa e necessitados de alimento cotidiano, (enfim: uma necessidade que se apresenta) e qualquer dentre vós lhes disser:Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos, sem, contudo, lhes dar o necessário para o corpo, qual é o proveito disso?”. Tg 2.15-16
A segunda opção é a consolação de amor.
Se há, pois, alguma exortação em Cristo, alguma consolação de amor, alguma comunhão do Espírito, se há entranhados afetos e misericórdias, completai a minha alegria de modo que penseis a mesma coisa, tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo o mesmo sentimento”. Filipenses 2.1-2
O cristão que oferece consolo só pode estar cheio do Espírito, o Consolador. Não se trata de querer consertar tudo, tendo sempre a última palavra sobre o que fazer ou deixar de fazer. Não se trata disso! Se trata de manifestar o amor de Deus através do companheirismo.
“Pois é, amigo, sei que estás sofrendo. Sei que está doendo. Eu nem sei o que dizer direito nem o que fazer por você, mas saiba que eu não quero te deixar aqui sozinho, quero chorar contigo, quero que sejamos unidos de alma, tendo o mesmo sentimento. Sinta-se tranqüilo para dividir sua dor comigo. Não se trata de diminuir tua cruz, mas posso oferecer meus ombros, vou te ajudar a levá-la”.
Isso é consolo. 

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Saber ouvir para saber cuidar

Por Saulinho Farias

Meditando em Jesus nós nos impressionamos com a sua tremenda habilidade em ouvir as pessoas. Sua audição era aguçada pelo Espírito e ouvia até aquilo que não era pronunciado, o som que era ecoado na região dos pensamentos e que brotava do coração. Quantas vezes os fariseus foram surpreendidos com o Senhor ouvindo seus pensamentos maus?

Jesus manifestava o interesse em ouvir as pessoas falarem sobre suas necessidades e aflições. Muitas vezes tal necessidade era claramente visível, mas ainda assim o Senhor estimulava as pessoas a falarem, quando perguntava: “o que você quer que eu faça?” Não é à toa que o ministério de cura de nosso Senhor Jesus foi tão forte e poderoso. Ele não chegava lá e simplesmente curava alguém como se fosse mais um. Não! Ele olhava nos olhos de cada um, de maneira profundamente amorosa e interessadamente atentava em suas palavras.

Quando Lázaro morreu e o Senhor chegou à Betânia, ele já estava ciente de tudo que tinha acontecido, bem como do que iria acontecer. Marta chegou chorando e logo depois Maria se derramou aos seus pés em prantos, dizendo: “Senhor, se estiveras aqui, meu irmão não teria morrido”. Ele não interrompeu suas palavras. Ele não disse: “Eu já sei! Eu já sei!” Ao invés disso, Ele atentou no sofrimento daquelas irmãs e chorou com elas, mesmo sabendo o que estava para acontecer, de que Lázaro iria ressuscitar. Ele foi capaz de ouvi-las, de comover-se e de chorar com elas.

Em nossos relacionamentos devemos ser capazes de ouvir uns aos outros. Em Hebreus 5.11 o apóstolo denuncia a imaturidade daqueles irmãos e aponta a causa: “...porquanto vos tendes tornado tardios em ouvir”. Na versão do Novo Testamento Vivo, temos: “Existe muito mais que eu gostaria de falar nestas linhas, mas vocês parecem não prestar atenção, portanto é difícil fazê-los compreender”. No verso 12 vemos que eles já deveriam ser mestres, levando em consideração o tempo na fé que tinham, mas não eram porque tinham dificuldade em ouvir.

Um bom discipulador é antes de tudo um bom discípulo. Alguém que ensina bem com certeza aprendeu a ouvir bem. Parar para ouvir pessoas mais maduras é um sinal de maturidade, parar para ouvir o companheiro (alguém no mesmo nível) é sinal de amizade, parar para ouvir os mais jovens espiritualmente é sinal de humildade. E é aqui que vamos nos deter por enquanto.

Ouvir o discípulo é uma habilidade que os grandes mestres aprenderam. Muitos “mestres” querem apenas ser ouvidos pelos seus discípulos. Eles têm uma profunda dificuldade de parar de falar.  Têm sempre a primeira e a última palavra. Sempre estão certos. Aquilo que falam parece ser uma lei indestrutível no universo ou a última revelação do terceiro céu. Não estão preparados para aprenderem com outras pessoas, ao invés disso sempre pensam que todos deveriam aprender com eles. Como resultado, estão em posição de autoridade, mas completamente desprovidos dela, por causa do orgulho do coração. São discipuladores só de título, são mestres de posição, mas não do coração. Não influenciam, não cativam, não conquistam. Muitos discípulos à sua volta tem dificuldade de conviver com eles, pois não se sentem cuidados, amados, compreendidos. Qualquer palavra corretiva por parte dos discípulos é vista como uma ofensa, rebeldia, insubordinação.

Ouvir o discípulo é muito importante para ele seja curado em sua alma. Precisamos deixa-lo falar, se expressar, sentir-se livre para abrir seu coração conosco. Muitas vezes queremos interromper o discípulo por causa de uma simples palavra que não concordamos e então, nossas boca se transforma em uma cachoeira de palavras interruptas que empurram para baixo qualquer possibilidade de o discípulo ser compreendido. Se não formos capazes de ouvir as pessoas, como iremos compreendê-las? Muitas vezes tiramos conclusões dos discípulos baseando-se em nosso ponto de vista, e não atentamos para o que a Palavra diz, como também, ignoramos o contexto de vida do discípulo. Como resultado, as feridas continuam expostas e os filhinhos sem cura.

Não estou dizendo que não temos que falar nada e só ficar ouvindo. Não vamos para outro extremo. Sim precisamos falar, precisamos corrigir, precisamos admoestar, precisamos confrontar. O importante é sempre perguntarmos ao Senhor, quando e como devemos falar.

Quando? – “Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo.” Pv 25.11  -  Muitas vezes queremos falar tudo o que o discípulo precisa, mas na circunstancia errada. Não temos a paciência para esperar o momento certo. Aprendi coisas preciosas na convivência com discípulos aparentemente problemáticos. Às vezes não temos que falar nada pra eles. Sim, às vezes o nosso silencio fala com mais força do que qualquer palavra. Em algumas situações, deixei que algumas pessoas tirassem suas próprias conclusões sobre suas próprias palavras, e saí de perto, agendando uma nova conversa para outro dia, quando a poeira baixasse e a pessoa estivesse mais predisposta a ouvir. Nesse intervalo, dobrei meus joelhos e clamei ao Senhor para que ele falasse àquele coração. No outro dia quando voltei, não foi preciso eu falar, a própria pessoa veio reconhecendo seus erros e pedindo oração.

Como? – “Palavras agradáveis são como favo de mel: doces para a alma e medicina para o corpo” Pv 16.24 – Como precisamos melhorar nesse aspecto. Somos tão incisivos, duros e ásperos no falar que acabamos piorando a situação. A Bíblia diz que devemos corrigir com espírito de brandura (Gl 6.1). Devemos ser mansos, brandos, cordiais. Isso não significa que vamos passar a mão por cima dos erros ou não tocar na ferida, mas sim que vamos tratar com óleo e vinho (Lc 10.34), ou seja, com unção e graça do Espírito Santo, por meio da Palavra de Deus.

sábado, 18 de junho de 2011

Voltar a prisão? Como assim?



Por Saulinho Farias
 Ler Romanos 6
o   1Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante? 2De modo nenhum! Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos?

A graça nos libertou. Então me responda: Que sentido faz voltar à prisão deliberadamente?

Não concordo com aqueles que tudo o que proclamam é legalismo, eles acham que precisam merecer o céu, suas mensagens são carregadas de “faça/não faça”; em contrapartida, também não concordo com o evangelho liberal de nossos dias, onde tudo é relativo, onde seus falsos profetas são adeptos do antinomianismo, desprezando o valor das boas obras. Os que promovem esta idéia vêem na graça uma razão para se fazer o mal. “Quanto pior eu for, mais Deus será gracioso comigo” – Pensamento vil, inconsequente e irresponsável. Apesar de não sermos salvos pelas boas obras, as boas obras são um sinal de que estamos salvos. A estes indico o livro de Tiago. Boas obras são fruto de uma nova vida. Se eu não pratico boas obras, se meus frutos são maus, devo me questionar se realmente tenho crido.

Como podemos nós, que fomos justificados, não viver justamente? Como podemos nós, que fomos tão amados, não amar também? Como podemos nós, que fomos abençoados, não abençoar?Paulo parece chocado com tal possibilidade.

A fé sem obras é morta. A fé que cremos para a salvação é a mesma fé que nos capacita a vencer o mundo, a carne e o diabo.

Como ilustra Max Lucado: “Vou ser preguiçoso no trabalho, só para que você veja como meu chefe é bonzinho”; “Olha mulher, eu vou tratar de trair você e você não vai falar nada, só para que todos vejam que você é submissa, a melhor mulher do mundo”; “Olha mãe, eu vou deixar meu quarto bagunçado, assim toda a vizinhança vai ver como você é boa dona de casa”. – Esse tipo de procedimento é revela um coração terrivelmente ingrato.

Será que temos agido assim para com Deus? Talvez não pequemos pra ver Deus manifestando graça, mas pecamos sabendo que amanhã a misericórdia de Deus se renovará? Pecamos hoje a noite, sabendo que amanhã confessaremos? Você acha que a meta de Deus é promover a desordem?

Tito 2.11-12 - Pois Deus revelou a sua graça para dar a salvação a todos. Essa graça nos ensina a abandonarmos a descrença e as paixões mundanas e a vivermos neste mundo uma vida prudente, correta e dedicada a Deus.

NÃO FAZ SENTIDO VOLTAR À PRISÃO. A GRAÇA de Deus nos libertou de uma vida desordenada. Por que retornar? Vivíamos sob o domínio do pecado, sob a tensão da pena e aprisionados pela culpa. Ele cumpriu nossa pena e nos tornou inocentados perante Deus. Já viu um prisioneiro liberto querer continuar preso? É inconcebível o pensamento de voltar à jaula. Por que você gostaria de por os pés na prisão outra vez?
·           Você está com saudades da impureza? Da mentira? Da prostituição? De acabar com sua saúde com drogas? Da depressão? Do medo? Da culpa? Da vergonha?

o   Romanos 6 - 3Ou, porventura, ignorais que todos nós que fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte? 4Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida.

Batismo – União com Cristo – Aliança.
Que espécie de amnésia é essa? Como um noivo horrorizado ao ver sua noiva flertando com outros homens em plena festa de casamento. Paulo pergunta: “Vocês esqueceram a aliança que vocês tem?”. Retornar ao pecado após ter sido unido a Cristo é como ter cometido adultério.

Quando realmente vemos as vantagens que a graça nos proporciona, não sentimos saudades de pecado do passado, pois alcançamos favores jamais imerecidos. Ao observar o que temos hoje, a liberdade em Cristo, livres do pecado, livres da condenação, livres de uma má consciência, livres totalmente para amar de verdade.  Ainda existem lapsos da velha natureza em nós, mas em geral, percebemos que Deus tem colocado a nossa casa em ordem.

Voltar a desordem? De maneira nenhuma.

Uma escolha a fazer: Presos a Cristo ou presos ao pecado?

11Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus.
12Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões; 13nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado, como instrumentos de iniqüidade; mas oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a Deus, como instrumentos de justiça. 14Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça.

Afirmando a nossa nova realidade. Não nos vermos segundo a carne, mas pela fé afirmarmos, considerarmos todos os dias que o pecado não é mais o dono do nosso coração. Ele perdeu o domínio que tinha, as coisas hoje já são mais difíceis pro pecado em nossas vidas. Aquele a quem você se oferece, tomará conta de você e será o seu Senhor, e você seu escravo. E você se tornará semelhante àquele a quem você pertence.

Existem três tipos de santificação:
1.       Posicional – Todo crente é santificado sendo um com Cristo.
2.       Experimental – triunfo sobre o pecado, dia após dia.
3.       Final – ser glorificado com Cristo.

Aqui em Rm 6, Paulo relata está falando da santificação experimental.  Creiamos então nisso: O pecado não terá mais domínio sobre nós. Diga: Jesus Cristo é o Senhor da minha vida.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

A impressionante graça de Deus - 4

O impacto da Graça
Por Saulinho Farias


Ler Rm 3.21-31 -
o   21 Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas (NTLH - Mas agora Deus já mostrou que o meio pelo qual ele aceita as pessoas não tem nada a ver com lei.); 22 justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos [e sobre todos] os que crêem; porque não há distinção, 23 pois todos pecaram e carecem da glória de Deus, 24 sendo justificados (Sublinhada- Deus nos declara sem “culpa”) gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, 25 a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos; 26 tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente, para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus.
o27 Onde, pois, a jactância? Foi de todo excluída. Por que lei? Das obras? Não; pelo contrário, pela lei da fé. 28 Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei (sublinhada - não pelas coisas boas que fazemos). 29 É, porventura, Deus somente dos judeus? Não o é também dos gentios? Sim, também dos gentios, 30 visto que Deus é um só, o qual justificará, por fé, o circunciso e, mediante a fé, o incircunciso. 31 Anulamos, pois, a lei pela fé? Não, de maneira nenhuma! Antes, confirmamos a lei.

Estão os cristãos sob liberdade condicional ou plenamente perdoados? Quando um prisioneiro é perdoado, ele está completamente livre, sem restrições ou formalidades legais. Quando sob liberdade condicional há restrições: ainda tem de prestar informações, apresentar-se regularmente ao juiz, não pode ir a certos lugares, não pode fazer determinadas coisas, etc.  Teria Deus colocado o crente sob liberdade condicional?
Bem... fomos justificados, ou seja, isentos de culpa. É como se nunca houvéssemos pecado. Simplesmente: Ficha limpa. Ou seja: sem ter de pagar nada em troca. Não fomos só livres da pena de morte, como também da culpa. Tudo isso por meio da fé. FÉ EM JESUS CRISTO como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Crendo nEle, que todo a ira de Deus pelo pecado foi descarregada nEle, graciosamente recebemos a justificação. É pura Graça! Estado de Graça! Somos salvos mediante a redenção que há em Jesus (libertar da escravidão mediante o pagamento de um preço).
Então – Resposta – O cristão está completamente perdoado.
Tudo que precisávamos para sermos salvos foi feito por Jesus! Está consumado. Só nos resta acreditar nisso (FÉ) e recebermos o que temos por herança, por graça.
·      Romanos 4.6-8
o   E é assim também que Davi declara ser bem-aventurado o homem a quem Deus atribui justiça, independentemente de obras: Bem-aventurados aqueles cujas iniqüidades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos; bem-aventurado o homem a quem o Senhor jamais imputará pecado”.

Que imensa felicidade nós temos em Cristo!
A mesma fé que temos em Cristo para sermos justificados diante de Deus nos capacitará para sermos santificados à sua imagem dia após dia.
Romanos 5
o    1Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo; 2por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus.

Temos paz com Deus. Isso é muito maior que termos paz em nosso país, paz nas ruas, paz na família, etc. Não estamos mais separados de Deus. Fomos reconciliados com Ele através de Jesus. O termo paz remete a harmonia e unidade com Deus. Bem como, Vínculo de Unidade, Aliança. Jesus é a nossa aliança com Deus. Ele desfez a inimizade que havia entre nós e Deus.
Não temos mais aquele velha angústia, aquele tormento na alma que está distanciada de Cristo, fruto de uma dúvida terrível sobre o valor da existência presente e o medo do desconhecido após a morte. Temos paz! Descanso! E começamos a gozar isso ainda aqui, na terra, mesmo em meio à tribulação(v.3).
Tivemos acesso a esta graça. Impressionante. Nas cortes orientais, somente os mais seletos tinham acesso à presença dos reis, só uns poucos servos poderiam entrevistar-se com eles. Em nosso caso, além de todos termos recebido acesso, fomos chamados de filhos do Rei. Pura Graça!  E nela estamos firmes. Indica que não é um privilégio temporário, mas uma bênção permanente.
Gloriamo-nos na esperança da glória de Deus – Isso é mais do que contemplação da mesma, diz respeito também à participação. A esperança de sermos como Ele é, compartilharmos sua natureza gloriosa (Hb 2.10). Seremos dia após dia, até o grande dia, aperfeiçoados, santificados, glorificados. Também é resultado de tão impactante graça. Ele nos levará a glória.

o    6Porque Cristo, quando nós ainda éramos fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios. 7Dificilmente, alguém morreria por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém se anime a morrer. 8Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores. 9Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. 10Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida; 11e não apenas isto, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, por intermédio de quem recebemos, agora, a reconciliação.

É difícil achar, mas homem talvez se disponha a morrer por um amigo, por um homem justo. Mas e morrer pelo inimigo? Por um caráter pervertido? Por um homem egoísta e violento? Por um assassino?
Deus fez isso em Jesus! Graça soberana! Deus se eleva acima do pecado e ama sem motivo algum. Os homens precisam de algum motivo para amar, já o amor de Deus é ilimitado.
“...muito mais agora...” – só nesse capítulo são quatro dessa expressão. Se Deus havia começado sua obra graciosa através de Cristo, no caso de homens rebeldes e inimigos, então muito mais ainda continuará sua obra sendo estes seus FILHOS. E os livrará completamente da ira. Uma salvação que vai sendo conferida, dia após dia através da vida do Salvador(v.10). nos versos 15, 17 – o fluxo muito mais abundante da graça em comparação com o fluxo do pecado. Abundancia de Graça!
o    19Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos. 20Sobreveio a lei para que avultasse a ofensa; mas onde abundou o pecado, superabundou a graça, 21a fim de que, como o pecado reinou pela morte, assim também reinasse a graça pela justiça para a vida eterna, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor.

Superabundante graça! O dilúvio da graça cobriu o do pecado. A avalanche da graça engoliu a do pecado.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

A impressionante graça de Deus - 3

Pecadores de todos os tipos (Continuação)


Os Religiosos
Imagino que assim que Paulo concluiu de abordar os pecados dos ímpios, dos gentios (Rm 1.18-32), alguns religiosos tenham até gostado da exposição sobre tão grande depravação dos ímpios, e tenhdam dito: “É isso mesmo, Paulo! Chibatada neles!”. É provável que eles jamais imaginariam que Paulo também se voltaria contra eles. Talvez eles tenham pensado:  “Bem, eu estou contente que essa conversa tenha terminado, pois eu não sou um desses pecadores miseráveis. Essa gente precisa do evangelho, mas não consigo entender o que isso tem a ver comigo!”

Ler Romanos 2.1-11 – Na perspectiva do apóstolo, Os judeus não são muito diferentes – O COMPORTAMENTO ACUSADOR

1Portanto, és indesculpável, ó homem, quando julgas, quem quer que sejas; porque, no que julgas a outro, a ti mesmo te condenas; pois praticas as próprias coisas que condenas. 2Bem sabemos que o juízo de Deus é segundo a verdade contra os que praticam tais coisas. 3Tu, ó homem, que condenas os que praticam tais coisas e fazes as mesmas, pensas que te livrarás do juízo de Deus? 4Ou desprezas a riqueza da sua bondade, e tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento? 5Mas, segundo a tua dureza e coração impenitente, acumulas contra ti mesmo ira para o dia da ira e da revelação do justo juízo de Deus, 6que retribuirá a cada um segundo o seu procedimento: 7a vida eterna aos que, perseverando em fazer o bem, procuram glória, honra e incorruptibilidade; 8mas ira e indignação aos facciosos, que desobedecem à verdade e obedecem à injustiça. 9Tribulação e angústia virão sobre a alma de qualquer homem que faz o mal, ao judeu primeiro e também ao grego; 10glória, porém, e honra, e paz a todo aquele que pratica o bem, ao judeu primeiro e também ao grego. 11Porque para com Deus não há acepção de pessoas.

Pensa o religioso:
·           “Venha Deus, deixe eu te mostrar os pecados do meu irmão”.
·           “Por que eu posso tratar de meus próprios erros se eu posso focar nos erros dos outros?”;
·           “Eu posso ser mau, mas desde que eu encontre alguém pior...”. 


Os atos de justiça dos judeus não estavam fundamentados em uma transformação ou retidão de caráter, mas em um amontoado de costumes sociais. Mas um exame cuidadoso iria revelar os mesmos pecados vis dos gentios.

Estavam iludidos. Segundo pensavam, eles tinham tudo, eram filhos de Abraão e discípulos de Moisés. Séculos de tradição religiosa. Também eram altivos. O simples ato de esbarrar em um estrangeiro já era considerado uma impureza. Eles eram ZELOSOS com base no seus conhecimentos e nos seus princípios religiosos, mas desconheciam o amor e a misericórdia.

A grande prova de maturidade espiritual é o amor.  A obediência ao princípio do amor é mais elevada do que o conhecimento religioso.  Gerald Cragg afirma:  “A  consciência de que estamos aquém daquilo que o nosso conhecimento nos diz, deveria produzir em nós humildade. Conseqüentemente a forma de orgulho que se atreve a julgar os outros é um defeito absurdamente trágico”. 

O fato de eles terem o conhecimento que os outros não tinham o faziam ainda mais pecadores que os outros. E mais: Diante de Deus, a vida secreta de todos nós está aberta, e isso é duro de admitir. Não gostaríamos que os outros conhecessem certas coisas a nosso respeito. Tantamos parecer bons diante dos outros e manter as aparências. Mas isso é engano. Enganamo-nos a nós mesmos. Mas Deus sabe de tudo. Nada se oculta diante dos seus olhos.

Ler Romanos 2.17 – 3.20 – E não adianta querer merecer – O COMPORTAMENTO LEGALISTA

O religioso legalista é respeitado, diligente, trabalhador, zeloso, enérgico, disciplinado. Aqui está um que “enxerga” seus pecados e quer resolver essa situação incômoda com Deus por suas próprias forças. Eles liam a bíblia regularmente, oravam, jejuavam, ensinavam, eram profundamente religiosos, mas infelizmente daquilo que ensinavam, não conseguiam praticar e o pior: nunca tinha se passado pela mente deles que também poderiam estar sob condenação de Deus. O que havia de errado? Paulo sabia, pois tinha sido um deles até se encontrar face a face com Jesus.

Romanos 2.24 – “não é de admirar que o mundo fala mal de Deus por culpa de vocês”. Quando a Religião se torna mais importante que a graça, torna o religioso um orgulhoso, convencido, e não consegue ser amável e humilde.

Conclusão: Como diz o Max Lucado: “Você pode dar cinco passos, porém restam cinco milhões à frente. Jamais você vai poder merecer o perdão de Deus. Jamais poderá alcançar a Deus por conta própria. Você precisa de um milagre: PRECISA DE MUITA GRAÇA. precisa que Ele venha até você”.

Romanos 3
o       9Que se conclui? Temos nós qualquer vantagem? Não, de forma nenhuma; pois já temos demonstrado que todos, tanto judeus como gregos, estão debaixo do pecado; 10como está escrito:
oNão há justo, nem um sequer,
o11não há quem entenda, não há quem busque a Deus;
o12todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer.
o13A garganta deles é sepulcro aberto; com a língua, urdem engano, veneno de víbora está nos seus lábios,
o14a boca, eles a têm cheia de maldição e de amargura;
o15são os seus pés velozes para derramar sangue,
o16nos seus caminhos, há destruição e miséria;
o17desconheceram o caminho da paz.
o18Não há temor de Deus diante de seus olhos.
o 19Ora, sabemos que tudo o que a lei diz, aos que vivem na lei o diz para que se cale toda boca, e todo o mundo seja culpável perante Deus, 20visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado.