Por Saulinho Farias
“E, chegando à sua terra, ensinava-os na sinagoga, de tal sorte que se maravilhavam e diziam: Donde lhe vêm esta sabedoria e estes poderes miraculosos? Não é este o filho do carpinteiro? Não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos, Tiago, José, Simão e Judas? Não vivem entre nós todas as suas irmãs? Donde lhe vem, pois, tudo isto?
E escandalizavam-se nele. Jesus, porém, lhes disse: Não há profeta sem honra, senão na sua terra e na sua casa. E não fez ali muitos milagres, por causa da incredulidade deles”. Mateus 13.54-58
Ao meditar nessa assertiva de Jesus não a vejo como uma afirmação categórica do que deve vir a ser, como se Jesus estivesse com essa sentença consolidando a maneira como uma determinada terra deve agir com os seus próprios profetas ou uma família para com os seus. Definitivamente, Jesus não está “curtindo” essa!
Jesus não estava feliz com a situação de Nazaré. Sua própria terra o rejeitou. Por que? Porque estavam familiarizados com Ele. Suas palavras não causaram efeito profundo naqueles corações. “Não é esse o filho do carpinteiro e de Maria? Conhecemos todos os seus familiares. Esse homem sabemos quem é desde menino. Vimos ele crescer aqui no vilarejo. Sua família não é nobre ou especial. Saiu daqui recentemente como um mero carpinteiro e volta como um “mestre” cercado de discípulos? Como assim? Quem ele pensa que é para querer se igualar aos grandes mestres? Onde ele aprendeu essas palavras que diz?”
Ficaram intrigados com Jesus. Maravilhados ao ve-lo falando, impresssionado com alguns milagres, mas ao mesmo tempo, recordando que Ele não passava de um deles. Lamentável! Escandalizavam-se nele.
Esse comportamento não se restringiu a Nazaré e a Jesus. Todos os profetas do velho testamento foram ridicularizados em sua própria terra. Alguns até foram assassinados. Na história temos vários exemplos semelhantes.
Ludwig van Beethoven era atrapalhado com o violino e optava tocar suas próprias composições em vez de melhorar sua técnica. Seu próprio professor se irritava com esse comportamento e o considerava um fracasso como compositor. Hoje permanece como um dos compositores mais respeitados e mais influentes de todos os tempos.
O professor de Albert Einsten o descreveu como “mentalmente lento, não-sociável e sempre perdido em seus sonhos.” Foi expulso da escola e recusado na Escola Politécnica de Zurique. Era um “caso perdido” segundo seus mestres. Muitas vezes foi alvo de deboches e chacotas, até sua teoria ter sido comprovada, quando marcou o seu nome na História como uma das pessoas mais inteligente que já pisaram na superfície terrestre.
A síndrome de Nazaré contamina igrejas por todos os lugares. Muitos não conseguem valorizar os que servem suas comunidades, subestimam suas palavras, não valorizam sua história e serviço. Dão crédito mais facilmente aos mensageiros de fora do que aos que convivem com eles. Valorizam os profetas das terras longínquas e subestimam os que brotam de sua própria terra.
Quantas famílias não agem assim? Quantas mulheres preferem ouvir o pastor ou as amigas a ter que dar crédito à voz de seu próprio marido? Quantos filhos não honram seus pais? Quantos pais não acreditam nos seus filhos? Enfim: a maldita síndrome de Nazaré! É impressionante o quanto perdemos com ela. Não temos como mensurar o prejuízo. Podemos estar rejeitando o próprio Senhor que se manifesta na vida de alguém bem próximo à nós.
Fico perturbado ao ver alguns que vão a alguns encontros e congressos em outros lugares e voltam maravilhados ao dizerem: “Puxa! Foi tremendo! Deus usou aquele renomado pregador pra mim e falou assim e assim”. O interessante é que tudo isso de “tremendo” essas pessoas ouviram pela boca simples dos que convivem com eles, mas não deram crédito. Deus teve que usar alguém de fora para abrir-lhes os olhos. Quanta dureza de coração!
Tenho observado que as igrejas mais bem sucedidas são aquelas cujos membros conseguem se valorizar, cuja liderança (não arbitrária) é creditada por todos. Onde a palavra de Deus, falada pelo mais simples irmão, é assimilada com amor e dedicação pelos ouvidos atentos de todos os que convivem com ele.
Não estou desprezando com isso o valor de tantos e tantos que vêm de fora de nossa realidade e de alguma maneira contribuem com sua experiência no Senhor. Só estou afirmando que a sentença: “Não há profeta sem honra, senão na sua terra e na sua casa”, não se trata de um absoluto desejado por Cristo, mas de algo profundamente incômodo que não deve se repetir em nosso caso.
Aprendamos a valorizar e honrar uns aos outros, em especial os que estão entre nós.
Muito bom!
ResponderExcluirAos meus pastores Saulo Farias e Carlos Pães muito obrigada para ser pessoas e discípulos autênticas. Preferia mil vezes está com vocês na tua simplicidade do que ouvir um pregador que tem o dom de oratório mas que n padece ao lado dos suas ovelhas. Saulinho continue suas mensagens sem que uma gota de glória fica por tu e o Senhor vai te abençoar muito mesmo. DTA
ResponderExcluirMuito bom, eis aí um texto que tocou em varias areas minha. Deus te abencoe Saulinho.
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