segunda-feira, 4 de julho de 2011

Quase deuses?


Por Saulinho Farias
Acabei de assistir Quase deuses. Filme baseado na história real do mui prestigiado médico Alfred Blalock e de seu assistente negro, pobre, sem formação universitária, porém não menos genial, Vivien Thomas. Os dois conseguiram juntos o feito, até então inacreditável, de fazer uma cirurgia de coração. Mas após o feito inédito, apenas o Dr. Alfred Blalock assumiu os créditos, nem ao menos se lembrou de mencionar Thomas em nenhuma de suas entrevistas pelo mundo. Com um limitado grau de educação formal, Thomas lutou contra a pobreza e o racismo e se tornou um professor para estudantes que se tornariam os melhores cirurgiões dos Estados Unidos. Não quero me deter nos pormenores do filme (pois recomendo a todos que assistam), porém não pude deixar de me sentir incomodado a escrever algo sobre minha percepção da mensagem desse drama.
Não se trata apenas de uma história de um negro super inteligente tentando conquistar seu espaço no meio de uma sociedade preconceituosa. Não se trata apenas de racismo. O que pude observar é muito mais amplo. Uma questão de humanidade. Trata-se de como somos capazes de trocar as pessoas por coisas. Trocamos seres humanos que cooperam com o nosso sucesso, pelo nosso proprio sucesso. O Dr. Blalock teve ao seu lado por anos a fio, não um mero assistente, ou um técnico especializado, não mais um médico cirurgião, ou um outro gênio da história da medicina. Não! Ele não conseguiu enchergar e muito menos reconhecer, infelizmente, que ao seu lado tinha um amigo. Um homem de família simples, muito honrado e trabalhador, que renunciou tantas horas de sua vida para dedicar-se ao projeto do Dr. Blalock. Até sua morte, o referido e prestigiado doutor nunca manifestou um pedido de perdão por ter ignorado tão friamente àquele que possibilitou a sua ascenção e glória na comunidade científica.
Há dois meses vi outro filme com o mesmo enredo, A Rede Social. Enfim, histórias que se repetem na vida real e que são retratadas ou não em películas. Não é essa a história do crescimento financeiro de inúmeros países do chamado primeiro mundo? Quantos outros povos perderam suas riquezas, seus territórios, sua gente, sua história para fazer com que tais países enriquecessem? E o que receberam em troca? Desdém, ostracismo, racismo, indiferença, menosprezo, etc.
Eis um problema da humanidade. O que mais me impressiona é o fato do célebre pensador político e autor da frase: “Os fins justificam os meios”, Nicolau Maquiavel, ser o mesmo a declarar: “Não se pode chamar de "valor" assassinar seus cidadãos, trair seus amigos, faltar a palavra dada, ser desapiedado, não ter religião. Essas atitudes podem levar à conquista de um império, mas não à glória”.
Nosso mundo respira egoísmo. Pessoas são usadas como degraus. Os relacionamentos são trivializados. A ingratidão é uma epidemia nas almas dos homens. Como resultado vemos intermináveis histórias de pessoas de sucesso infelizes em seus casamentos, artistas de cinema presos às drogas, modelos lindíssimas com tantas inimigas, milionários solitários e, sem coerência alguma, um montão de gente querendo estar onde eles estão.
O nosso Mestre Jesus nos ensinou a darmos mais valor às pessoas do que as coisas, lugares, sucesso ou intelectualidade. Jesus disse que Deus dá tanto valor às pessoas que “até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não temais, pois; mais valeis vós do que muitos passarinhos” (Mt 10.30-31). Seus discípulos, homens pelos quais o mundo não dava valor algum, Ele os tornou nobres e distintos em sua geração. Fez isso ao ensinar-lhes o mais profundo amor. Jesus foi agradecido ao Pai por aqueles que o Pai tinha lhe dado. Jamais esqueceu Pedro, o amigo que o negou publicamente, e deu o título de amigo a Judas, que o traía. E mais, ensinou-os a se amarem e honrarem mutuamente. “Amem-se como eu vos amei” (Jo 15.12).
Os homens desse mundo não conseguem honrar àqueles que cooperam com seu sucesso. Quase deuses? Como assim?
O Homem do céu, Jesus (O verdadeiro Deus e Vida Eterna), honrou, com seu amor, graça, presença e perdão, homens que definifitivamente não mereciam nada disso.
Fico perplexo diante de tanta diferença!
Só nos resta nos curvarmos a Jesus e venerarmos Sua pessoa.

4 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Já tive o prazer de assistir este drama, é muito tocante, se puder assista " mãos talentosas", é um drama também, retrata é respeito do comportamento humano frete as diferenças e superioridades, e nisso vemos o quanto os homens por não viverem o amor de Cristo não conseguem respeitar seu semelhante, o preconceito em geral é uma coisa vergonhosa, pois Deus nos ama com a mesma intensidade, pois o sacrifício de Jesus foi para todos nós, por isso precisamos falar deste único Deus e Salvador, para que todos possam encontrar a verdadeira forma de amar e ser amado! Jesus é tão lindo, tão maravilhosos que Ele nos amou primeiro, e sem sermos merecedores, morreu pra nos dá uma vida eterna com Ele! obrigada Jesus, eu te amo...Ele é o único que merece realmente a nossa adoração e louvor!!

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  3. Também assisti a esse filme, "Quase deuses", interessante. Ensina muito. Assisti e também indico o filme que a Laura costa indicou no comentário acima: "Mãos Talentosas". Muito bom e um excelente meio gerador de debates.
    Abraços!

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  4. Eu assisti o filme " Quase deuses" porque minha professora indicou para podermos debater no curso,de inicio achei que seria mais um, mais não foi, pude aprender muito com esse filme e gostei mais ainda do que postou aqui! As pessoas tem trocado os papeis, tem amado mais as coisas e usado as pessoas, que amar mais as pessoas e usar mais as coisas... é triste mais é a realidade a qual infelizmente estamos vivendo!!! Deus te abençoe!!!! Fabiana Veras

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